Ataques aéreos realizados pelas forças israelenses na Faixa de Gaza neste sábado resultaram na morte de pelo menos 20 pessoas e em mais de 80 feridos, conforme informações das autoridades de saúde locais. O episódio acende um novo alerta sobre a fragilidade do cessar-fogo vigente entre Israel e o grupo militante Hamas, que controla aquele território. As primeiras vítimas aconteceram após um ataque que atingiu um carro no bairro de Rimal, que é densamente povoado, incendiando o veículo. Não ficou imediatamente claro se os cinco mortos eram passageiros ou transeuntes, enquanto dezenas de pessoas correram para apagar as chamas e prestar socorro. Em seguida, a força aérea israelense realizou dois bombardeios separados contra residências na cidade de Deir Al-Balah e no campo de Nuseirat, na região central de Gaza, causando pelo menos dez mortes e ferindo outras pessoas. Posteriormente, outro ataque aéreo atingiu uma casa no oeste da cidade de Gaza, matando ao menos cinco palestinos e elevando o número total de mortos para 20.
O incidente provocou uma troca de acusações entre Israel e o Hamas. O Exército israelense informou que um homem armado teria atravessado uma área sob seu controle em Gaza e usado uma rota humanitária — destinada à entrada de ajuda no sul da Faixa — o que teria configurado uma violação do acordo de cessar-fogo. Em resposta, as forças israelenses afirmaram estar atacando alvos em Gaza. Por sua vez, uma autoridade do Hamas rejeitou essas alegações, classificando-as como “infundadas” e uma “desculpa para matar”, afirmando que o grupo permanece comprometido com a trégua. Israel e o Hamas vêm se acusando mutuamente de violações ao cessar-fogo, que entrou em vigor há pouco mais de seis semanas.
Este recrudescimento da violência ocorre em meio a um contexto delicado, no qual a comunidade internacional busca formas de garantir a estabilidade na região. Recentemente, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a criação de uma força internacional para Gaza, inspirada em um plano do presidente dos Estados Unidos, com a missão de assegurar segurança, governança transitória e encaminhar um futuro para um Estado palestino independente. Contudo, o Hamas já demonstrou rejeição a esse plano, especialmente pela proposta de desarmamento do grupo, alegando que isso comprometeria sua neutralidade e o colocaria ao lado da ocupação israelense.
A retomada dos ataques israelenses e a consequente escalada de mortes reforçam a fragilidade do cessar-fogo que tem mantido um tênue equilíbrio na região desde o último confronto mais intenso iniciado em outubro de 2023, quando ataques do Hamas a Israel resultaram em um conflito prolongado com milhares de vítimas. A recente onda de bombardeios representa um duro teste para quaisquer esforços de pacificação e ressalta a complexidade de conflitos de longa data que envolvem questões territoriais, políticas e humanitárias na Faixa de Gaza.

