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Ato nos Arcos da Lapa pede fim da violência contra mulheres e LGBTQIA+

Diversos movimentos sociais se reuniram neste domingo nos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro, em um ato público pelo fim da violência contra mulheres, pessoas LGBTQIA+ e minorias vulneráveis, vítimas frequentes de assassinatos e agressões em todo o país. A concentração, marcada para as 14h, atrasou devido ao sol forte e ao calor típico do início do verão, mas o evento ganhou força com a participação de ativistas e moradores de espaços de acolhimento.

O ato foi convocado pela Casa Nem, centro de acolhimento no Rio de Janeiro dedicado a pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade, especialmente transexuais e travestis. A instituição promove programas de autonomia, cultura, oficinas e cursos para seus moradores. Indianarae Siqueira, fundadora da Casa Nem, destacou que a manifestação surgiu em resposta a dois casos chocantes deste ano envolvendo jovens trans. Um deles foi o de uma adolescente de 13 anos, brutalmente agredida e queimada em via pública em Guarapari, no Espírito Santo. Ela foi encontrada caída, com queimaduras extensas no corpo e no rosto, e permanece internada em estado grave no Hospital Infantil de Vitória, sob investigação da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. O segundo caso foi o de Fernando Vilaça, de 17 anos, morador de Manaus, que sonhava em ser veterinário, mas foi espancado até a morte por LGBTfobia.

Indianarae enfatizou que essas mortes reforçam a urgência de políticas públicas para proteger a juventude LGBTQIA+, com o combate ao preconceito integrado à alfabetização das crianças. Segundo ela, a violência contra mulheres e a população LGBTQIA+ não aumentou, mas ganhou visibilidade graças a leis recentes e mecanismos de denúncia mais eficazes. “O que a gente não via antes, não tinha noção, as pessoas passaram a denunciar mais. Quando a LGBTfobia se tornou crime também, as pessoas passaram a denunciar mais”, afirmou. Ela defendeu a criminalização como ferramenta pedagógica para as novas gerações e apontou o machismo e o patriarcado como raízes das opressões, sem luta contra homens cisgêneros ou indivíduos, mas contra o sistema opressor. “É contra o sistema opressor. É diferente. Mas a gente precisa, de alguma maneira, encontrar um meio, através da educação, de acabar com a violência. A gente precisa educar as pessoas na base, nas escolas, em casa”, disse, comparando à educação ambiental sobre mudanças climáticas, como um ciclo contínuo para formar pais mais conscientes.

Participantes como a mulher trans Laisa, de 30 anos, celebraram o movimento pela igualdade e o respeito, independentemente de bandeiras. “É para falar do amor, pelo respeito, pela igualdade, pela junção das pessoas”, declarou. A MC Raica, que se apresentou cantando funk, retribuiu o apoio da Casa Nem, onde também cantou na Parada do Orgulho LGBTI+ de Copacabana e em Queimados, na Baixada Fluminense. “Aos poucos, as coisas estão acontecendo. Tem um gosto de realização para mim e inspiração para outras. A gente só se via na esquina ou em salões de beleza. Hoje em dia, a gente pode ser o que quiser”, contou. Ela destacou a luta por direitos iguais, trabalho digno e saída da prostituição, com carteira assinada e apoio da Casa Nem e do Instituto Trans Maré. “Somos todos iguais, merecemos os mesmos direitos. Se não fossem elas, eu não estaria aqui hoje. Elas têm me apoiado bastante. E eu acho que tem que ser assim: umas apoiando as outras, porque, no final, somos nós por nós mesmas, enquanto o sistema tenta nos punir o tempo todo.”

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)

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