Segue uma reportagem baseada no material fornecido.
O setor de bares, restaurantes e hotéis de São Paulo enfrenta perdas que podem chegar a R$ 100 milhões em razão do apagão que atingiu a capital, parte da região metropolitana e municípios do interior, segundo estimativa da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp). A entidade calcula que cerca de 5 mil estabelecimentos foram afetados pela falta de energia provocada por chuvas e ventos fortes, que também derrubaram mais de 300 árvores e danificaram infraestrutura elétrica, deixando em determinado momento cerca de 2,2 milhões de clientes sem abastecimento. No balanço das perdas estão alimentos descartados, equipamentos queimados ou danificados por oscilações e a evasão de consumidores em um dos períodos mais movimentados do ano para o setor.
O diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto, afirmou que a recorrência de interrupções no fornecimento — este sendo apontado como o sétimo apagão em menos de dois anos — deixa bares, restaurantes e meios de hospedagem em situação de vulnerabilidade, sobretudo em dezembro, quando muitos estabelecimentos ampliam estoques e contratações sazonais para atender à demanda de festas e turismo. Pinto ressaltou que poucos empresários dispõem de geradores ou conseguem realocar mercadorias a tempo de evitar perdas, e que muitos precisaram fechar portas por dias, com impacto direto no faturamento e na manutenção de empregos temporários.
Diante dos danos, a Fhoresp orienta os empresários a reunirem o máximo de provas — notas fiscais, fotos, vídeos, registros de cancelamentos e laudos técnicos — para ajuizar pedidos de ressarcimento referentes a dias sem funcionamento, perda de mercadorias e avarias em equipamentos causadas pela oscilação da rede. A federação, que representa cerca de 500 mil estabelecimentos no estado e mais de 20 sindicatos patronais, também tem alertado para o risco sistêmico que repetidos apagões representam ao ecossistema de serviços e à cadeia de empregos ligados ao setor.
A gravidade do episódio levou a Justiça de São Paulo a dar à concessionária responsável pelo fornecimento, Enel, prazo de 12 horas para restabelecer o serviço na capital e municípios vizinhos, sob pena de multa de R$ 200 mil por hora, medida que reflete a pressão institucional sobre a empresa por falhas recorrentes. Em nota, o Ministério de Minas e Energia informou que a Enel poderá perder a concessão para operar no estado caso não cumpra os índices de qualidade e as obrigações contratuais previstas, o que coloca em pauta a responsabilização administrativa e contratual da distribuidora.
Proprietários de bares, restaurantes e hotéis relatam ainda prejuízos indiretos difíceis de quantificar imediatamente, como cancelamentos de reservas, perda de clientes durante datas festivas e danos reputacionais. Especialistas do setor lembram que, além das indenizações possíveis via ações judiciais e reclamações administrativas, medidas de curto e médio prazo — como a adoção de mecanismos de proteção contra oscilações, seguros específicos e planos de contingência — são essenciais para reduzir a exposição a novos incidentes elétricos em um cenário de eventos climáticos extremos mais frequentes.
Empresários e entidades seguem mobilizados para contabilizar os prejuízos e avaliar medidas legais e administrativas contra a distribuidora, enquanto autoridades acompanham a reconstrução da infraestrutura danificada e avaliam sanções que podem variar desde multas até a revisão da concessão.

