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BB tem lucro de R$ 3,78 bi no terceiro trimestre, queda de 60,2%

O Banco do Brasil (BB) enfrentou uma queda significativa em seu lucro no terceiro trimestre de 2025, registrando R$ 3,785 bilhões, o que representa uma redução de 60,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este resultado reflete uma combinação de pressões decorrentes de novas regras contábeis implantadas pelo Conselho Monetário Nacional e do aumento da inadimplência, especialmente no agronegócio, onde o banco possui uma forte atuação. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o lucro do BB foi de R$ 14,943 bilhões, uma queda de 47,2% em comparação ao mesmo intervalo de 2024, sendo este ano de 2024 marcado por um lucro recorde de R$ 37,9 bilhões para a instituição.

As novas regras contábeis que entraram em vigor em janeiro de 2025 mudaram o modelo de reconhecimento das receitas e provisões para perdas esperadas, com impacto direto na forma como o banco contabiliza receitas de juros para operações classificadas em estágio 3, que são aquelas com atrasos superiores a 90 dias. Esse regime, baseado no caixa efetivo, fez o BB deixar de reconhecer cerca de R$ 1 bilhão em receitas de crédito, influenciando negativamente seu resultado trimestral.

A inadimplência alcançou 4,93% no terceiro trimestre, um aumento em relação aos 4,21% registrados em igual período do ano anterior e 3,33% do terceiro trimestre de 2024. Esse crescimento do índice foi puxado pela carteira do agronegócio e pela linha de cartões de crédito. No setor agropecuário, que inclui culturas como soja e milho, a inadimplência ultrapassou 5%, refletindo dificuldades relacionadas a preços mais baixos e condições climáticas adversas, o que tem elevado as provisões para perdas, que cresceram 15,5% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 35,3 bilhões.

O BB também revisou para baixo suas projeções financeiras para o ano de 2025, prevendo agora um lucro líquido ajustado entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões, ante uma estimativa anterior que ia de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões. Já o custo do crédito, que envolve as perdas esperadas com inadimplência e outros riscos, foi estimado entre R$ 59 bilhões e R$ 62 bilhões, valor acima das projeções anteriores de R$ 53 bilhões a R$ 56 bilhões.

No trimestre, o volume de créditos concedidos pelo banco encolheu 1,2% na comparação com o trimestre anterior, alcançando uma carteira de crédito total de R$ 1,279 trilhão em setembro, embora tenha apresentado crescimento de 7,5% na comparação anual. A retração das concessões ocorreu principalmente na carteira para pessoas jurídicas, especialmente para grandes empresas e pequenas e médias empresas, enquanto o crédito para pessoas físicas apresentou aumento, impulsionado por novas modalidades como o crédito consignado para trabalhadores do setor privado.

Em termos de receitas e despesas, as receitas de prestação de serviços ficaram em R$ 8,863 bilhões no terceiro trimestre, com leve aumento trimestral, apesar da queda anual. As despesas administrativas cresceram 4,7% em doze meses, influenciadas por reajustes salariais e investimentos em tecnologia, inteligência artificial e segurança cibernética.

Além disso, o Banco do Brasil alterou sua política de distribuição de dividendos no meio do ano, reduzindo a parcela do lucro destinada aos acionistas de 40% para 30%, refletindo a cautela diante do cenário desafiador.

Esse conjunto de fatores demonstra que o Banco do Brasil atravessa um período de desafios expressivos, condicionado por mudanças regulatórias, aumento da inadimplência e ajustes estratégicos que impactam sua rentabilidade e resultados financeiros no curto prazo.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)