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BC mantém juros básicos em 15% ao ano pela terceira vez seguida

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a Taxa Selic em 15% ao ano, a maior desde julho de 2006. A decisão, alinhada às expectativas do mercado financeiro, reflete o momento de desaceleração da economia aliado à persistência da inflação acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. O Banco Central ressaltou que o ambiente externo permanece incerto em razão das políticas econômicas dos Estados Unidos, o que impacta as condições financeiras globais. Internamente, apesar da atividade econômica mostrar sinais de desaceleração, a inflação continua elevada, indicando a necessidade de juros altos por um período prolongado para garantir a convergência do índice de preços à meta.

A Selic, principal instrumento para o controle da inflação oficial medida pelo IPCA, foi mantida para conter pressões inflacionárias, que em setembro apresentaram aceleração de 0,48%, impulsionada pela alta na conta de energia, acumulando alta de 5,17% nos últimos 12 meses — ultrapassando o teto da meta, fixado em 4,5%. Contudo, o IPCA-15 de outubro sinalizou uma desaceleração, com queda nos preços dos alimentos pelo quinto mês consecutivo. O novo sistema de meta contínua, adotado em 2025, monitora a inflação mês a mês, considerando o acumulado de 12 meses para avaliar o cumprimento da meta.

O aumento da taxa Selic encarece o crédito, desestimulando consumo e produção, o que contribui para o controle da inflação, ainda que restrinja o crescimento econômico. Em seu Relatório de Política Monetária de setembro, o Banco Central revisou para baixo a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025, de 2,1% para 2%. O mercado financeiro, por meio do boletim Focus, projeta uma expansão um pouco superior, de 2,16%. A manutenção da Selic em patamar elevado demonstra a postura cautelosa do BC diante da elevada incerteza econômica, deixando em aberto a possibilidade de elevação futura dos juros caso seja considerado necessário para combater pressões inflacionárias.

Enquanto isso, projeções internacionais indicam que o Brasil apresentará um crescimento moderado, com o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial estimando expansão do PIB próximo a 2,4% em 2025, posicionando o país como uma das economias de maior crescimento no G20 para este ano, apesar da desaceleração esperada para 2026. A desaceleração da economia brasileira, evidenciada pelo crescimento de apenas 0,4% no segundo trimestre de 2025, reflete o efeito restritivo das políticas monetária e fiscal, além da contenção dos investimentos e do consumo. Essa combinação de fatores sustenta o cenário de juros elevados e cautela na condução da política monetária para preservar a estabilidade dos preços e controlar a inflação persistente no país.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)