Milhares de pessoas devem tomar as ruas de Belém neste sábado (15) para a Marcha Mundial pelo Clima, organizada por movimentos sociais e coletivos populares em paralelo à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). A mobilização reunirá integrantes da Cúpula dos Povos e da COP das Baixadas, com a expectativa de participação de representantes de todas as partes do mundo, além de uma forte presença das comunidades locais do Pará. A concentração começa às 8h30, no Mercado de São Brás, com o trajeto rumo à Aldeia Amazônica, visando denunciar os responsáveis pela crise climática e defender soluções populares para o enfrentamento dos impactos ambientais.
A Cúpula dos Povos, que acontece desde o dia 12 na Universidade Federal do Pará, funciona como um contraponto à COP30 oficial, reunindo cerca de 1,3 mil movimentos sociais, redes e organizações de 62 países, que criticam a inércia dos governos e a falta de participação popular efetiva nas decisões climáticas globais. Segundo os organizadores, a Cúpula busca convergir pautas relacionadas ao meio ambiente, direitos humanos, antirracismo e economia justa, defendendo a demarcação de territórios tradicionais, financiamento para uma transição justa para uma economia de baixo carbono, e ações efetivas de adaptação e mitigação contra as mudanças climáticas.
Durante a semana, várias manifestações já ocorreram na cidade, destacando a resistência de povos indígenas e extrativistas. Indígenas Munduruku, pressionados pelo garimpo ilegal e pelo agronegócio, conseguiram negociar com autoridades brasileiras após protestos na entrada da COP30. Extrativistas, como seringueiros, também marcharam pelas ruas pedindo o fim do desmatamento e o reconhecimento do seu papel fundamental na proteção da floresta amazônica, simbolizando sua luta com a tradicional poringa, usada para extrair látex.
Ao final da marcha deste sábado, será lançada uma carta da Cúpula dos Povos, sintetizando as principais reivindicações apresentadas pelas organizações populares, que serão entregues oficialmente ao presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, em uma audiência pública prevista para o último dia do evento. A expectativa é que a mobilização reúna até 30 mil pessoas, demonstrando o vigor da sociedade civil na defesa do meio ambiente e de uma agenda climática que contemple justiça social e proteção dos povos afetados pelas mudanças globais.
