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Boleto gigante na Paulista cobra países ricos sobre dívida com o clima

**Reportagem**

A Avenida Paulista, símbolo do poder financeiro no Brasil, amanheceu neste domingo diferente: um boleto gigante, de até oito metros de largura, estampou o valor simbólico de R$ 1,6 trilhão, cobrando dos países ricos sua dívida climática com os povos e territórios do Sul global. A intervenção foi realizada também em Brasília, Recife, Santarém e região do Xingu, e faz parte da campanha “A Gente Cobra – Financiamento Climático Direto para Quem Cuida da Floresta”, organizada pela Aliança dos Povos pelo Clima. O lançamento oficial da campanha está previsto para o dia 28 de outubro, esta terça-feira.

No centro da mensagem, o “boleto vencido” – com data de emissão remetendo ao ano de 1500, referência à data da “descoberta” do Brasil – reflete uma crítica histórica à colonização ambiental e financeira que, segundo a ativista Jonaya de Castro, segue determinando as relações entre Norte e Sul global. “O boletão é esse boleto vencido, porque o Sul Global precisa de financiamento para conseguir fazer adaptação, fazer mitigação e manter a floresta de pé”, explicou. “E quem tem que ser financiado são os projetos dos indígenas e das comunidades tradicionais que protegem as florestas e os biomas.”

A manifestação ocorre às vésperas da COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada em Belém (PA) em novembro. O ato demanda que os fundos internacionais de financiamento climático destinem metade dos seus recursos diretamente para povos e comunidades tradicionais, além de assegurar participação desses grupos nos conselhos deliberativos dos fundos climáticos. “A gente já sabe o que tem que fazer, sabe o que pode evitar o colapso e fazer regredir a temperatura, mas isso vai depender de financiamento e de interesse político e internacional”, frisou Jonaya.

Além do direcionamento dos recursos, a ação defende a taxação das grandes fortunas, como forma de arrecadar fundos adicionais para financiar ações climáticas. O boleto chama a atenção para a urgência de reparações concretas diante da crise climática, que afeta de maneira desigual populações historicamente marginalizadas. O recado para a conferência mundial é claro: não basta falar em justiça climática; é preciso materializar os recursos e as decisões onde realmente importa – nas mãos daqueles que, com seu modo de vida, preservam a biodiversidade do planeta.

O “boleto gigante” é, portanto, mais do que um protesto: é uma provocação visual, política e histórica, que conecta o passado colonial à necessidade urgente de transformação global no combate à crise climática.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)