Guilherme Boulos foi nomeado ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, substituindo Márcio Macêdo. Com 43 anos, Boulos é deputado federal pelo PSOL de São Paulo e foi eleito com mais de 1 milhão de votos, sendo o segundo candidato mais votado do país em 2022. Ele declarou que sua missão principal será “ajudar a colocar o governo na rua”, promovendo a interlocução com os movimentos sociais, organizações não governamentais, entidades de classe e a juventude em todo o Brasil, fortalecendo o diálogo entre o Planalto e a sociedade civil.
Boulos tem uma trajetória marcada pelo ativismo urbano e social, sendo uma liderança destacada do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), grupo pelo qual lutou por moradia digna e reforma urbana ao longo de décadas. Filho de professores universitários e médicos infectologistas, ele nasceu em São Paulo, na região de Pinheiros, e desde cedo envolveu-se no movimento estudantil, chegando a criar um grêmio na escola pública onde estudou após pedir a transferência aos pais. Graduou-se em Filosofia pela USP, especializou-se em psicologia clínica pela PUC e tem mestrado em psiquiatria pela USP. Também trabalhou como professor da rede pública e é autor de vários livros que abordam temas sociais e políticos.
Politicamente, Boulos concorreu à Presidência da República em 2018 e esteve nas eleições municipais para prefeito de São Paulo em 2020 e 2024, sempre como candidato pelo PSOL. Sua nomeação tem um forte componente estratégico para o governo Lula, que busca ampliar a presença de aliados históricos e reforçar a relação com setores populares e de esquerda, especialmente após críticas e desgaste em diálogos anteriores com movimentos sociais. A pasta que assume é fundamental para a articulação política e social do Executivo, atuando diretamente na interação com a base social que foi decisiva para a eleição do atual governo.
Com o desafio de intensificar a mobilização social e política, Boulos já expressou o compromisso de levar as ações do governo a todas as regiões do país, consolidando a aproximação com as demandas populares. Sua atuação como ministro representa também uma tentativa de equilibrar tensões internas na base progressista e ampliar a visibilidade do PSOL dentro do governo federal, ainda que essa presença seja vista com cautela por parte do próprio partido, que mantém certo distanciamento do Planalto. A nomeação será oficializada em publicação no Diário Oficial da União, consolidando essa nova etapa na carreira do deputado e ativista.
