### Governo Brasileiro Monitora com Preocupação Reforma Tarifária Aprovada no México
O governo brasileiro está acompanhando de perto a reforma tarifária aprovada pelo Congresso mexicano, que impõe tarifas de até 50% sobre importações de países sem acordos amplos de livre-comércio, incluindo o Brasil. Em nota conjunta divulgada nesta sexta-feira, o Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços informaram que aguardam a publicação do texto final da lei para avaliar os impactos nas exportações nacionais.
A medida, aprovada em caráter de urgência pelo Senado mexicano na quinta-feira com 76 votos a favor, cinco contrários e 35 abstenções, estabelece alíquotas entre 5% e 50% sobre cerca de 1,5 mil produtos de 17 setores estratégicos, como automóveis, autopeças, vestuário, plásticos, siderurgia e eletrodomésticos. Países como China, Índia, Coreia do Sul, Rússia e África do Sul também serão afetados, com as novas tarifas previstas para entrar em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026.
Embora o setor automotivo brasileiro deva ser pouco impactado, graças ao acordo setorial de livre-comércio entre Brasil e México, há receios de que as tarifas reduzam preferências bilaterais em outros segmentos, prejudicando o comércio e os investimentos. “O Brasil tem mantido contato com autoridades mexicanas para tratar dos possíveis efeitos das mudanças tarifárias”, destaca a nota oficial, que ressalta a relação bilateral marcada por diálogo franco e visão estratégica compartilhada.
O governo brasileiro defende que decisões unilaterais com impacto comercial sejam analisadas à luz do compromisso com previsibilidade, segurança jurídica e aprofundamento da integração produtiva. Brasília reitera o engajamento em diálogo construtivo com o México para preservar a cooperação e condições favoráveis ao comércio bilateral, no qual o país latino-americano responde por 2,25% das exportações brasileiras e ocupa o sexto lugar entre os principais mercados de janeiro a novembro deste ano, com cerca de US$ 7 milhões enviados.
A Confederação Nacional da Indústria estima que até 15% das exportações brasileiras para o México possam ser afetadas, cobrando maior intensificação do diálogo bilateral. A aprovação ocorre em momento sensível para o México, às vésperas da revisão em 2026 do acordo de livre-comércio com Estados Unidos e Canadá. A presidente Claudia Sheinbaum, que apoia a iniciativa e deve sancioná-la em breve, apresentou a proposta em setembro como parte do Plano México, visando fortalecer a produção nacional, criar empregos e reduzir dependência de importações.
Parlamentares mexicanos que se abstiveram criticaram a tramitação acelerada, apontando riscos inflacionários, em meio a pressões do presidente norte-americano Donald Trump, que acusa o México de servir como rota para produtos chineses nos EUA. O governo chinês já reagiu, condenando o protecionismo e seus prejuízos à economia global.

