O Ministério da Saúde atualizou nesta segunda-feira, 20 de outubro de 2025, o balanço sobre o surto de intoxicação por metanol no Brasil, consolidando 47 casos confirmados e outros 57 em investigação. Ao todo, 104 notificações foram apresentadas, das quais 578 já foram descartadas pelas autoridades de saúde. O estado de São Paulo, segundo os dados mais recentes, concentra a maioria dos registros: 38 confirmações e 19 casos sob análise. Outros estados também aparecem no levantamento, com cinco casos confirmados no Paraná, três em Pernambuco e um no Rio Grande do Sul.
O número de mortes atingiu nove, sendo seis confirmadas em São Paulo, duas em Pernambuco—mais precisamente no município de Lajedo—e uma no Paraná, na cidade de Foz do Iguaçu. Além disso, sete óbitos seguem em apuração: um em São Paulo, três em Pernambuco, um em Mato Grosso do Sul, um em Minas Gerais e um no Paraná. Outras 27 notificações de mortes que estavam sob suspeita já foram descartadas após análise.
O consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, especialmente destilados como vodca e gin produzidos clandestinamente, é apontado como a principal via de contaminação. As investigações revelaram que o metanol—álcool altamente tóxico e proibido para consumo humano—teve origem em postos de combustível do ABC Paulista, onde era misturado ao etanol e depois comercializado para fábricas ilegais. Perícias realizadas em amostras apreendidas encontraram concentrações de metanol superiores a 40% nas bebidas, um índice extremamente perigoso, já que mesmo pequenas quantidades da substância podem causar danos graves à saúde.
Os sintomas da intoxicação por metanol podem surgir entre 12 e 24 horas após a ingestão e incluem alterações visuais, náuseas, vômitos, dor abdominal, confusão mental e sudorese excessiva. As vítimas geralmente procuraram atendimento médico em estado grave, com relatos de perda irreversível da visão e sequelas neurológicas entre os sobreviventes. Diante do quadro, o Ministério da Saúde e a Associação de Medicina Intensiva Brasileira publicaram orientações para profissionais de saúde, recomendando o reconhecimento precoce dos sintomas, o uso de antídotos como etanol ou fomepizol, o encaminhamento de casos graves para unidades de terapia intensiva e a notificação imediata às autoridades sanitárias.
A crise do metanol no país provocou apreensão na população e redução do consumo de bebidas destiladas, especialmente nos estados mais afetados. As autoridades reforçam a necessidade de fiscalização rigorosa contra a venda de bebidas adulteradas e destacam a importância de procurar atendimento médico imediato em caso de suspeita de intoxicação.
A origem do problema aponta para uma cadeia ilegal de produção e distribuição de bebidas alcóolicas, com falhas no controle do uso industrial do metanol. A situação revela desafios na regulação e fiscalização de alimentos e bebidas no país, e deve motivar medidas mais eficazes para evitar novos surtos.

