Resultados preliminares da pesquisa Soft Power Index elaborado pela consultoria britânica Brand Finance, que mede a percepção sobre como cada país respondeu à pandemia, aponta que o Brasil tem a pior gestão da covid-19 entre as 30 nações avaliadas por um time de 750 especialistas formado por jornalistas, empresários, líderes políticos, acadêmicos, membros de think tanks e de organizações não governamentais.
Já para 75 mil respondentes do público em geral, o Brasil ocupa a 103ª posição em uma lista de 105 países, à frente apenas de Índia e Estados Unidos. A informação é da MediTalks.
Por outro lado, países liderados por mulheres como a Nova Zelândia e Alemanha foram reconhecidos por terem maior transparência na relação com a sociedade e com a imprensa. Os países conquistaram a preferência do público geral e também da audiência especializada.
Um fator que contribuiu para o resultado da pesquisa foi o negacionismo de líderes como Donald Trump e Jair Bolsonaro. Posicionamentos contrários à ciência, conflitos com a mídia e demora na gestão da crise saltaram aos olhos dos respondentes.
Brasil teve a pior avaliação em três quesitos
A pontuação líquida, segundo diz o site, é a diferença entre as respostas “administrou bem” e “administrou mal” a respeito de três aspectos: gestão da economia, proteção à saúde e bem-estar, e ajuda e cooperação internacional.
Em uma escala de -100 a +100, o Brasil ficou com o pior índice geral, de -56, abaixo de Estados Unidos (-35) e Índia (-23), os três países com o maior número de casos e de mortes provocadas pela doença. O Brasil foi o que recebeu a pior avaliação dos especialistas em todos os quesitos analisados.
No quesito condução econômica o Brasil registrou o maior percentual de desaprovação, com 50%. Apenas 3% dos especialistas avaliaram positivamente a gestão do país nessa área. Foi a aprovação mais baixa entre os 30 países analisados, seguida pela do Egito. A gestão do país africano foi avaliada positivamente por 10% dos respondentes.
Já na categoria gestão de saúde, o país teve 70% de desaprovação, foi o menor índice de aprovação (3%) entre os 30 países analisados, seguido pela África do Sul, que recebeu 11% de aprovação.
Com 57% de desaprovação, o Brasil voltou a ocupar a última colocação na categoria cooperação internacional. O índice de aprovação de 5% foi também o mais baixo entre os 30 países analisados, seguido pela Índia, que obteve 10% de avaliação positiva no quesito.
No topo de cima da tabela, no entanto, a Alemanha foi o país com a melhor gestão geral da pandemia, com um índice de +71, seguida por Japão (+64) e Nova Zelândia (+57).
Opinião da sociedade
As 75 mil pessoas do público em geral ouvidas pela Brand Finance globalmente consideraram os três países com maior número de casos e de mortes como os de pior gestão da pandemia. O índice examinou a performance de 105 nações.
Assim, os Estados Unidos foram o país mais mal avaliado em todos os quesitos. O Brasil ficou entre os três piores em todos eles.
Com 37% de desaprovação, a condução econômica dos Estados Unidos durante a pandemia foi a mais mal avaliada pelo público. O Brasil ficou em antepenúltimo, com 34% de desaprovação. O Japão lidera categoria ranking, com 53% de avaliação positiva.
Novamente os Estados Unidos foram o país mais mal avaliado pelo público em geral, com 44% de desaprovação na categoria gestão da saúde. O Brasil ficou em penúltimo, na 104ª posição, com 38% de desaprovação. O país mais bem avaliado no quesito foi a Nova Zelândia, com 54% de aprovação.
A pior atuação na área de cooperação internacional também ficou com os Estados Unidos, com 38% de desaprovação. O Brasil ficou em penúltimo, com 31% de avaliação negativa. A melhor avaliação foi a da Nova Zelândia, 49% de aprovação.
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Nações ricas com forte reputação de boa administração anterior à pandemia foram reconhecidas como modelos de gestão da crise aos olhos do público. A consultoria britânica ressalta pontuações líquidas acima de +35% para Suíça, Japão, Canadá, Finlândia, Noruega, Singapura, Dinamarca, Coreia do Sul, Austrália e Áustria.
Apesar da Suécia também constar neste ranking, o país não adotou lockdown e registrou a oitava maior incidência de mortes por 100 mil habitantes na Comunidade Econômica Europeia. Ainda assim, público geral e audiência especializada classificaram o país em 13º lugar na gestão da pandemia.
A pesquisa examinou também a opinião do público sobre o desempenho da Organização Mundial de Saúde (OMS), em que 31% consideraram a condução positiva, e 20% de maneira negativa. Ainda segundo a Meditalks, a maior aprovação ao trabalho da organização foi dada pelos chineses, e a maior reprovação pelos japoneses. Os norte-americanos ficaram divididos: 35% aprovaram a gestão da OMS e 26% a reprovaram.