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Brigadas controlam dois dos três incêndios na Chapada dos Veadeiros

No coração do Cerrado brasileiro, a Chapada dos Veadeiros atravessa uma das maiores crises ambientais dos últimos tempos, com incêndios florestais que, desde o fim de setembro, cobriram de destruição extensas áreas do parque nacional e de seu entorno. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) confirmou que dois dos três grandes incêndios ativos até o último final de semana foram controlados entre 11 e 12 de outubro. O que resta é uma frente de fogo ainda ativa na região de Nova Roma, exigindo esforços contínuos de brigadistas, servidores e instituições de defesa ambiental para impedir que as chamas avancem ainda mais.

O quadro é grave: o ICMBio estima que cerca de 80 mil hectares já tenham sido consumidos pelo fogo, embora um número oficial ainda não esteja consolidado. A dimensão do estrago pode ser maior, uma vez que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) de Goiás aponta que, só em 2025, quase 90 mil hectares foram tomados pelas chamas. A devastação maior aparece na Área de Proteção Ambiental do Pouso Alto, abrangendo municípios como Cavalcante e Teresina, mas o fogo chegou perto de casas e ameaçou vidas, bens e o patrimônio natural da região.

A suspeita é de que uma ação humana, seja intencional ou não, seja a origem dos incêndios. Autoridades confirmaram a prisão de duas pessoas e a aplicação de multas que podem ultrapassar R$ 50 milhões. Fiscais da Semad, militares e agentes policiais seguem investigando a responsabilidade pelos focos, tendo identificado pelo menos 30 proprietários rurais que devem responder administrativamente pelos danos. No campo, as equipes usam imagens de satélite para mapear os pontos de ignição e validar as investigações in loco.

Enquanto a vegetação nativa do Cerrado é consumida, os efeitos sobre a fauna são consideráveis. O ICMBio informou que, até agora, não houve registro visual de animais selvagens mortos, mas animais domésticos, especialmente bovinos, foram vítimas das chamas. O trabalho de resgate de fauna e o monitoramento das áreas atingidas seguem sendo partes fundamentais dos esforços emergenciais.

No front do combate às chamas, mais de 210 profissionais de diversas entidades — entre Ibama/Prevfogo, ICMBio, Rede Contra Fogo, Brivac, Brigada de São Jorge e Brigada Cerrado em Pé — trabalham em turnos incessantes. Um dos incêndios começou nas proximidades do povoado Cormari e alcançou o interior do Parque Nacional, demandando ações mais intensas das brigadas. O acesso difícil ao relevo montanhoso atrasa o avanço do combate, mas desde o início da operação, em 6 de outubro, as equipes avançam com helicópteros, viaturas lançadoras de água e apoio logístico.

Para os moradores da região, o cenário é de apreensão. Muitos retiraram móveis e objetos de casa, temendo que as chamas tomassem suas propriedades. A preocupação se estende para além das perdas materiais: o fogo ameaça um patrimônio natural formado há milhões de anos, de valor incalculável para a biodiversidade do Cerrado e para o turismo regional. Apesar da gravidade, as áreas de visitação do parque não foram afetadas diretamente até o momento, o que ameniza parte do impacto econômico, mas não o prejuízo ambiental.

A luta contra o fogo segue nos próximos dias, com equipes monitorando possíveis retomadas das chamas e focando no controle total do incêndio ativo. A cada hora, a natureza da Chapada dos Veadeiros pede socorro — e a resposta depende da persistência dos brigadistas, do rigor da fiscalização e da responsabilização rápida dos causadores. O que resta é esperar que o fogo, enfim, dê trégua à região.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)