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Buscas da PF na Câmara têm como alvo ex-assessora de Lira

### Polícia Federal Cumpre Mandados Contra Ex-Assessora de Arthur Lira por Suspeitas no Orçamento Secreto

Nesta sexta-feira, a Polícia Federal deflagrou a Operação Transparência, cumprindo dois mandados de busca e apreensão contra Mariângela Fialek, conhecida como “Tuca”, ex-assessora do deputado Arthur Lira (PP-AL), na Câmara dos Deputados e em sua residência em Brasília. As diligências, autorizadas pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), miram indícios de irregularidades na liberação de emendas parlamentares do chamado “orçamento secreto”, esquema de destinação de verbas públicas sem transparência sobre os indicantes ou beneficiários finais.

Tuca, que atuou como assessora técnica de Lira durante sua presidência na Casa, é apontada como centralizadora do fluxo de planilhas e minutas de ofícios enviados a comissões para priorizar liberações, especialmente para Alagoas, estado do parlamentar. Atualmente lotada no gabinete da liderança do PP na Câmara, com salário bruto de R$ 23,7 mil, ela ocupou cargos estratégicos no Legislativo e em empresas públicas por indicação de Lira desde 2020, facilitando, segundo as investigações, a manipulação de emendas.

O ponto de partida da apuração foram depoimentos de seis deputados – Glauber Braga (Psol-RJ), José Rocha (União-BA), Adriana Ventura (Novo-SP), Fernando Marangoni (União-SP), Dr. Francisco (PT-PI) – e de um senador, Cleitinho (Republicanos-MG). Eles relataram à PF que Tuca encaminhava ofícios da Presidência da Câmara ordenando o “redirecionamento forçado” de recursos, reforçando suspeitas de uma estrutura organizada para impor prioridades no orçamento.

Em relatório parcial, os investigadores da PF destacaram o “incomum desapego à formalidade” no esquema, comparando-o a uma “conta de padaria”. Uma anotação manuscrita rudimentar, por exemplo, foi suficiente para realocar verbas de um município para outro. Anteriormente, o sigilo telemático de Tuca já havia sido quebrado, mas a ausência de mensagens em aparelhos ou nuvens levou à necessidade de buscas físicas, com apreensão de um celular. Dino justificou a medida pela “concreta possibilidade” de que ela tenha evitado backups em nuvem, mantendo dados sensíveis em papéis ou máquinas, em uma “atuação contínua, sistemática e estruturada”.

As buscas no gabinete da Câmara foram consideradas de “maior potencial probatório”, pois as ações suspeitas ocorreriam na rotina funcional de Tuca na Casa. Dino, relator de ações no STF que vedaram o orçamento secreto e exigiram transparência total nas emendas, apontou indícios de crimes como peculato, falsidade ideológica, corrupção e desvios funcionais. Variadas investigações sobre desvios de emendas do orçamento secreto tramitam no Supremo.

A defesa de Tuca negou irregularidades, afirmando que sua atuação era estritamente técnica, seguindo decisões da Presidência da Câmara e do colégio de líderes, e que as informações sobre emendas já são públicas. A liderança do PP informou que averigua o ocorrido e deve se manifestar. A equipe de Lira não comentou o caso até o momento, e ele não é alvo direto nesta fase.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)

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