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Câmara retoma trabalhos após retirada à força de Braga

A Câmara dos Deputados retomou seus trabalhos após a retirada à força do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) por agentes da Polícia Legislativa Federal, que ocorreu durante uma ocupação simbólica da cadeira da presidência da Casa. A ação ocorreu em meio a um protesto de Braga contra o anúncio do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de levar ao plenário o pedido de cassação do mandato do parlamentar, que enfrenta processo por ter agredido um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) no ano anterior. Motta retomou a sessão com a deliberação sobre um projeto do Cadastro Ambiental Rural, numa tentativa de acalmar os ânimos, enquanto a expectativa é de que ainda hoje seja debatida uma proposta relacionada à dosimetria das penas dos condenados no caso do 8 de janeiro, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro, cujo texto pode reduzir as penas aplicadas.

Após ser retirado, Braga foi conduzido ao Salão Verde do Congresso, com as roupas rasgadas, e fez críticas contundentes à ação, acusando a Mesa Diretora de agir com “docilidade” frente aos parlamentares aliados e usar a força contra quem não aceita esse jogo. Ele qualificou o episódio como perseguição política. A ocupação começou como protesto especificamente contra a votação que pode cassar seu mandato, mas Braga também denunciou um pacote legislativo que incluiria, segundo ele, a concessão de anistia e a manutenção dos direitos políticos de Eduardo Bolsonaro, enquanto reduziria a pena de Jair Bolsonaro.

O presidente Hugo Motta respondeu publicamente, afirmando que a cadeira da presidência pertence à República e à democracia, e que nenhum parlamentar pode usá-la como instrumento de intimidação ou desordem. Ele ressaltou que a democracia exige respeito às leis e ao regimento interno da Casa, e que não permitirá abusos nem a violação das regras da instituição. Motta também anunciou que determinou a apuração de possíveis excessos cometidos contra a imprensa, já que, durante a ocupação, o sinal da TV Câmara foi cortado e jornalistas foram retirados de forma compulsória do plenário, com relatos de agressões por parte de policiais legislativos.

O episódio remete a outras manifestações recentes no Congresso, como a ocupação das mesas diretoras por parlamentares da oposição em agosto, em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, que na ocasião impediu a retomada dos trabalhos legislativos por mais de 48 horas. O clima tenso reflete as divisões políticas intensas que marcam o atual cenário parlamentar brasileiro, trazendo à tona debates sobre legalidade, protesto e limites do exercício da oposição no Congresso Nacional.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)