O senador Fabiano Contarato (PT-ES) foi eleito presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado instalada no Senado nesta semana. Contarato, que foi delegado da Polícia Civil por 27 anos no Espírito Santo, defende uma mudança na percepção sobre o campo progressista, afirmando que é necessário romper com o estigma de que esse segmento defende apenas os direitos humanos dos presos. Ele ressaltou que direitos humanos abrangem um conceito muito mais amplo e destacou a importância de “falar com responsabilidade, com os pés no chão e sem romantizar” a segurança pública.
Durante a entrevista concedida à Agência Brasil, Contarato criticou a saída temporária de presos condenados por crimes contra a vida e defendeu o endurecimento das penas para adolescentes em conflito com a lei. O senador também considera relevante equiparar facções criminosas ao terrorismo como uma medida para dar uma resposta concreta aos anseios da população, especialmente à parcela mais vulnerável, que sofre diariamente com a violência e a ausência do Estado nas comunidades dominadas pelo crime organizado.
Contarato enfatizou a urgência de mudanças estruturais no modelo atual de segurança pública, marcado por improviso, desarticulação entre os entes federativos e falta de coordenação nacional. Para ele, o trabalho da CPI deve ser pautado pela independência política e pelo compromisso com a proteção da vida e dos direitos da população. A comissão parlamentar terá duração inicial de 120 dias, podendo ser prorrogada por mais 60, e pretende investigar a estrutura, expansão e modo de operação de organizações criminosas, com foco em facções e milícias que atuam em todo o território nacional.
Além de presidir a CPI, Contarato destaca que a comissão buscará subsidiar propostas legislativas e ações concretas para enfrentar o crime organizado, respondendo às demandas da sociedade por maior segurança. A relatoria da CPI ficou a cargo do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), enquanto Hamilton Mourão (Republicanos-RS) foi eleito vice-presidente da comissão. Com a experiência de delegado, professor de Direito e especialista em sociologia política, Contarato traz ao comando da CPI uma visão focada na responsabilidade e na construção de soluções reais para a segurança pública do país.
