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Caravana social vai à COP30 denunciar megaprojetos do agronegócio

Indígenas e movimentos sociais lançaram a Caravana da Resposta, uma mobilização que percorrerá mais de 3 mil quilômetros entre Mato Grosso e Belém em direção à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). O objetivo principal é denunciar os impactos negativos causados pela monocultura e pelos grandes corredores logísticos do agronegócio na Amazônia e no Cerrado. Cerca de 300 participantes, representando dezenas de organizações, povos e comunidades tradicionais, seguirão pela rota conhecida como a “rodovia da soja”, realizando atos públicos, manifestações culturais e promovendo diálogos com as comunidades ao longo do trajeto.

A etapa final da viagem será realizada em um barco que servirá como alojamento coletivo e cozinha solidária em Belém, garantindo a presença dos participantes durante a conferência climática. A iniciativa busca se opor ao modelo exportador vigente, que, segundo os organizadores, concentra riquezas, destrói florestas e ameaça modos de vida tradicionais.

Organizada pela Aliança Chega de Soja, uma articulação que já reúne mais de 40 organizações, a Caravana tem como foco impedir megaprojetos de infraestrutura, como a ferrovia Ferrogrão, prevista para ligar Sinop (MT) a Itaituba (PA) para o transporte de grãos. Estudos da Climate Policy Initiative da PUC-RJ indicam que a construção dessa ferrovia pode provocar o desmatamento de até 49 mil km² de floresta. O projeto está atualmente suspenso por decisão liminar do Supremo Tribunal Federal, aguardando retomada do julgamento.

Além da Ferrogrão, o movimento critica os projetos de hidrovias nos rios Tapajós, Madeira e Tocantins, defendendo o fortalecimento da agroecologia e da pesca artesanal, além de propor um modelo de infraestrutura que priorize as pessoas em vez do lucro corporativo. A liderança indígena Alessandra Munduruku alertou sobre os riscos que os grandes projetos representam, afirmando que querem transformar rios em corredores logísticos e florestas em mercadoria para enriquecer corporações, enquanto ameaçam os territórios tradicionais.

O percurso da Caravana também visa chamar a atenção para alternativas sustentáveis baseadas na agroecologia e nos sistemas de sociobiodiversidade, valorizando a produção de pequenos agricultores e a sabedoria ancestral dos povos da floresta. Em Belém, os participantes unirão forças com mobilizações populares, como a Cúpula dos Povos e a COP do Povo, para reforçar o protagonismo das comunidades tradicionais na luta por justiça climática.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)