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Castro pede mais apoio federal no combate a organizações criminosas

## A Operação Contenção e a Guerra Silenciada no Rio

O dia 28 de outubro de 2025 marcou o estado do Rio de Janeiro com uma das maiores e mais violentas operações de segurança dos últimos 15 anos. No centro da tensão, os complexos do Alemão e da Penha, redutos do Comando Vermelho, foram palco de uma ação policial batizada de Operação Contenção, que resultou em ao menos 64 mortes, incluindo quatro policiais, mais de 80 prisões e a apreensão de um arsenal impressionante: 75 fuzis, pistolas e granadas. O número de feridos também preocupa: pelo menos três civis inocentes, entre eles um homem em situação de rua, foram atingidos por balas perdidas durante os intensos confrontos.

Apesar dos números expressivos, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, admitiu publicamente que a operação excedeu as competências legais e administrativas do estado, mas justificou a escalada como uma resposta indispensável diante do avanço do crime organizado. “Estamos excedendo os limites, mas continuaremos a excedê-los, se necessário, até que possamos proteger nossa população”, declarou Castro, em tom de alerta para o poderio bélico das facções, que hoje rivalizam com as próprias forças de segurança. O governador não deixou de cobrar um apoio federal mais amplo, sugerindo até mesmo o envolvimento das Forças Armadas.

A ação foi fruto de intensos seis meses de planejamento e mais de um ano de investigações, sob aval do Judiciário e acompanhamento do Ministério Público. Mesmo assim, o governo estadual optou por não recorrer, desta vez, ao governo federal, após ter tido pedidos anteriores de reforço negados. Castro atribuiu a negativa à falta de vontade política do governo central para decretar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), mecanismo que permitiria a participação militar local. Segundo ele, as solicitações foram ignoradas ou rejeitadas, o que reforçou a sensação de isolamento do Rio diante da crise de segurança.

O cenário político se agrava com a troca de farpas. O Ministério da Justiça e o Ministério da Defesa afirmam oferecer apoio logístico e operacional ao estado, citando a presença da Força Nacional e da Polícia Federal e o repasse de recursos federais nos últimos anos. No entanto, Castro rebate, argumentando que o volume de recursos não equivale à resposta estrutural necessária para enfrentar o que classifica como uma “guerra”, não apenas um problema de segurança urbana. O pedido de blindados militares, feito ainda no início do ano, só poderia ser atendido com decreto presidencial, nunca concedido.

Enquanto o governo federal reafirma o compromisso com a cooperação, representantes do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública da União cobram explicações oficiais sobre a condução da operação e alertam para o respeito aos direitos fundamentais da população atingida em cheio pela violência. A alta letalidade da operação, o sofrimento dos moradores e o clima de insegurança generalizado transformam o caso em um retrato cru de um dilema que transcende fronteiras: até onde um estado pode avançar sozinho contra o crime organizado, diante da omissão, real ou aparente, da União?

O que deveria ser apenas mais uma operação de rotina tornou-se um símbolo da crise de segurança pública no Brasil. No Rio, policiais, traficantes e civis estão todos encurralados em uma espiral de violência que parece não ter fim. E o governador Cláudio Castro insiste: enquanto não houver integração plena de forças e de recursos, o estado seguirá excedendo seus próprios limites, no fio da navalha entre a lei e a guerra.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)