O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, solicitou nesta terça-feira (28) ao governo federal a transferência imediata de 10 detentos considerados as maiores lideranças criminosas do estado para presídios federais de segurança máxima. Esses detentos, que estão sob custódia no sistema penitenciário do Rio, são apontados por relatórios das polícias Civil e Penal como responsáveis por liderar, de dentro das cadeias, ações de retaliação que resultaram em bloqueios de vias e sequestro de ônibus, causando grande caos na cidade. O pedido de Castro foi devidamente acatado pelo governo federal, com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, informando a disponibilidade de vagas em penitenciárias federais para essa finalidade.
A solicitação ocorreu em meio à conclusão da Operação Contenção, que teve início nos Complexos do Alemão e da Penha, mobilizando cerca de 2.500 agentes e resultando em ao menos 64 mortes, incluindo quatro policiais, e 81 prisões de suspeitos. A operação é considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, ultrapassando o número de vítimas da ação na favela do Jacarezinho, em 2021. Foram apreendidos 93 fuzis, demonstrando a gravidade do confronto.
Castro manteve diálogo direto com membros do governo federal, incluindo a ministra Gleisi Hoffmann, responsável pela Secretaria de Relações Institucionais, e o ministro Rui Costa, da Casa Civil. O governador destacou que sempre foi bem recebido por esses interlocutores e reafirmou que a política de segurança pública deve ser conduzida com diálogo e integração. Está prevista uma reunião de emergência entre o governador e os ministros da Casa Civil e da Justiça para debater os próximos passos diante da crise.
A operação policial ainda seguia durante a noite, com confrontos acontecendo na área da Vacaria, dentro do Complexo do Alemão. O uso de ônibus pelos criminosos como barricadas em vários pontos da cidade foi uma estratégia para dificultar a ação das forças de segurança.
Entre os detentos apontados para transferência estão nomes conhecidos como Wagner Teixeira Carlos (Waguinho de Cabo Frio), Rian Maurício Tavares Mota (Da Marinha) e Roberto de Souza Brito (Irmão Metralha), entre outros, indicados como líderes que promovem o terrorismo organizado a partir das cadeias.
O governo federal também reuniu em caráter emergencial ministros e secretários para monitorar a situação e avaliar respostas integradas para restaurar a ordem pública. Entre os presentes estavam o presidente em exercício Geraldo Alckmin, os ministros Rui Costa, Gleisi Hoffmann, Jorge Messias, Macaé Evaristo, Sidônio Palmeira e o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Manoel Carlos. Apesar disso, as autoridades federais afirmaram que não houve até o momento um pedido de apoio direto do governo estadual para a realização da operação Contenção.
O contexto da transferência dos presos e da operação reflete uma crise severa em segurança pública no Rio de Janeiro, em que facções criminosas, especialmente o Comando Vermelho, têm promovido reações violentas contra as ações policiais, causando instabilidade e elevando o perfil dos conflitos entre o estado e o crime organizado.

