No dia 25 de outubro de 2025, a Catedral da Sé, em São Paulo, foi palco de um ato ecumênico que marcou o 50º aniversário da morte do jornalista Vladimir Herzog, um dos mais emblemáticos casos de assassinato durante a ditadura militar brasileira. Herzog, diretor do Departamento de Jornalismo da TV Cultura na época, compareceu espontaneamente ao Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) em 24 de outubro de 1975, alegando que tinha informações a fornecer sobre suas supostas ligações com o Partido Comunista Brasileiro. No entanto, ele foi preso e torturado, vindo a falecer no dia seguinte.
As autoridades da época divulgaram que Herzog teria se suicidado, mas evidências posteriores e relatos de testemunhas contradizem essa versão. A morte de Herzog desencadeou uma forte reação da sociedade civil, incluindo um histórico ato inter-religioso na Catedral da Sé, em 1975, que reuniu milhares de pessoas em protesto contra as práticas da ditadura.
No ato de 2025, Ivo Herzog, filho do jornalista, reiterou a necessidade de um processo legal para investigar as circunstâncias dos crimes cometidos durante a ditadura. Ele defendeu a revisão da interpretação da Lei da Anistia de 1979, que concedeu impunidade aos autores de crimes de lesa-humanidade durante o regime militar.
A ADPF 320, que questiona a aplicação da Lei da Anistia, está pendente de julgamento desde 2014 e é uma luta persistente da sociedade civil. O Instituto Vladimir Herzog entrou como amicus curiae na ação, argumentando que a atual interpretação da lei é incompatível com os tratados internacionais de direitos humanos assinados pelo Brasil.
Para Ivo Herzog e muitos dos familiares de vítimas da ditadura, a impunidade dos crimes cometidos durante esse período é uma chaga que ainda precisa ser tratada. A sensibilização dos ministros do Supremo Tribunal Federal, especialmente o relator da ADPF 320, ministro Dias Toffoli, é vista como crucial para avançar na busca por justiça.

