# CCJ aprova recondução de Paulo Gonet à PGR com votação apertada
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (12 de novembro) a recondução de Paulo Gonet ao cargo de procurador-geral da República (PGR) por mais dois anos. A votação resultou em 17 votos a favor e 10 contra, demonstrando divisão entre os senadores sobre a permanência do atual procurador-geral no cargo.
Após ser sabatinado pela comissão, Gonet agora segue para votação no plenário do Senado, que deverá ocorrer ainda nesta quarta-feira. A recondução foi indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representa a continuidade da gestão de Gonet à frente do Ministério Público Federal durante os próximos dois anos.
Durante a sabatina, Paulo Gonet enfrentou críticas de senadores da oposição, especialmente sobre o papel da Procuradoria-Geral da República na trama golpista julgada pelo Supremo Tribunal Federal. O senador Jorge Seif (PL-SC) acusou o procurador-geral de participar de um conluio para perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que havia covardia e perseguição sob patrocínio do Ministério Público Federal. Gonet negou qualquer perseguição e reafirmou que suas manifestações sobre os processos baseiam-se em razões técnicas e jurídicas, destacando inclusive o arquivamento de inquérito contra Bolsonaro sobre suposta fraude no cartão de vacinação.
Em contraponto, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) argumentou que a tentativa golpista de Bolsonaro sempre foi evidente, citando ameaças e declarações do ex-presidente desde seu discurso de posse. Para Calheiros, a condenação pelo Supremo Tribunal Federal reflete fatos concretos e não perseguição política.
Um dos principais argumentos de Gonet em sua defesa foi destacar que, sob sua gestão, o Ministério Público Federal abandonou a busca por exposição midiática e passou a impedir vazamentos ilegais de investigações. O procurador-geral enfatizou que a instituição busca realizar sua função de forma técnica e apresentar resultados após a conclusão dos processos, sem buscar visibilidade mediática. Omar Aziz (MDB-AM), relator da indicação, elogiou justamente essa característica, apontando que Gonet não é uma pessoa midiática e trata as questões pelos autos e não pela imprensa.
Durante a sabatina, também surgiram questionamentos sobre posições de Gonet relacionadas a temas de igualdade de gênero. O senador Fabiano Contarato (PT-ES) criticou o parecer do procurador-geral sobre a Lei estadual do Espírito Santo que permite aos pais proibir a participação de filhos em atividades pedagógicas sobre gênero nas escolas. Contarato argumentou que a posição prejudica o combate às desigualdades, ressaltando que mesmo questões básicas como igualdade entre homens e mulheres ficariam restritas. Gonet respondeu explicando que a lei faz uma ponderação entre o poder paterno e os direitos da família na educação dos filhos, não constituindo inconstitucionalidade.
O procurador-geral também foi questionado sobre o trabalho da PGR no combate ao crime organizado. Gonet detalhou acordos firmados com países estrangeiros para combater crimes transnacionais e defendeu que o combate à criminalidade deve preservar a dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais, mesmo diante de situações graves que exigem comprometimento de todas as forças democráticas.
A aprovação na CCJ representa um importante passo, embora a confirmação final dependa da votação do plenário do Senado, onde espera-se que a indicação seja confirmada ainda nesta quarta-feira.

