A segunda edição do Concurso Público Nacional Unificado (CNU 2), que oferece 3.652 vagas para 32 órgãos federais, registrou uma participação feminina superior à masculina entre os classificados para a segunda fase do certame, com 57,12% das vagas ocupadas por mulheres, totalizando 24.275 candidatas convocadas para a prova discursiva marcada para 7 de dezembro. Esse índice reflete a adoção de uma política afirmativa pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), que visa corrigir desigualdades estruturais que dificultam o acesso das mulheres, especialmente aquelas que enfrentam dupla ou tripla jornada, conforme explicou a ministra Esther Dweck.
Na primeira edição do concurso, realizada em 2024, embora as mulheres representassem maioria nas inscrições (56%) e tivessem uma presença expressiva nas provas (54%), apenas 37% delas foram aprovadas na etapa final. Para reverter essa discrepância, a política de equidade de gênero implantada no CNU 2 assegura que, em cada cargo e modalidade, o número de mulheres classificadas para a segunda fase seja equivalente ao de homens sempre que o percentual inicial for inferior a 50%. Isso significa que candidatas adicionais que atingiram o mínimo de acertos exigido pelo edital são convocadas para garantir a paridade.
Sem essa medida, as mulheres representariam cerca de 49,4% dos classificados; contudo, com a equiparação, esse percentual saltou para 57,12%. Importante ressaltar que essa política não exclui os candidatos homens já aprovados, mantendo todos os que atingiram a nota mínima para a segunda fase. A distribuição da equiparação varia entre os blocos temáticos do concurso: em alguns, como os blocos 1, 2 e 5, as mulheres já eram maioria, necessitando apenas ajustes residuais; em outros, como os blocos 3 e 4, a presença feminina permaneceu abaixo da metade devido à insuficiência de acertos em alguns cargos para permitir a equiparação; no bloco 8, por sua vez, nenhuma equiparação foi necessária pois as mulheres já eram maioria nas classificações.
Um exemplo emblemático dessa política está no cargo de Analista Técnico de Justiça e Defesa do bloco 7, onde, antes da medida, havia 888 mulheres e 1.490 homens classificados. Após a aplicação da equiparação, os 1.490 homens permaneceram classificados, e outras 731 mulheres que atingiram a nota mínima foram convocadas para a prova discursiva, ampliando significativamente a participação feminina nessa fase.
O CNU 2, conhecido como o “Enem dos Concursos”, teve inscrições recordes, com 761 mil candidatos inscritos em todo o território nacional. O certame integra uma estratégia inovadora de seleção que unifica vagas em vários órgãos federais, com provas aplicadas em duas etapas: objetivas em outubro e discursivas em dezembro. Essa iniciativa representa uma importante mudança na política pública de concursos, combinando eficiência administrativa com inclusão social e equidade de gênero, buscando mitigar barreiras históricas enfrentadas por mulheres no serviço público.

