Uma imponente escultura inflável de uma mulher negra de 14 metros, vestindo uma faixa presidencial com a frase “Mulheres Negras Decidem”, marcou o início da 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras por Reparação e Bem-Viver, realizada na última quinta-feira, 25 de novembro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Esse símbolo potente deu partida a centenas de caravanas que vieram de todo o Brasil e também de mais de 40 países, reunindo cerca de 500 mil pessoas nas laterais do gramado da área central da capital federal.
A representante do Comitê Nacional da Marcha das Mulheres Negras, Cláudia Vieira, destacou a importância desse momento histórico, ressaltando a dificuldade que foi organizar o movimento até chegar ao dia da marcha. Ela ressaltou que o objetivo é deixar um legado, mostrando para o país, para o Estado brasileiro e para o mundo a relevância de olhar com responsabilidade e compromisso para a população negra do Brasil.
O evento teve início com concentração no Museu da República, em Brasília, incluindo uma roda de capoeira e o cortejo de berimbaus. No Congresso Nacional, uma sessão solene honrou a data. A marcha seguiu pela Esplanada dos Ministérios, embalada por um jingle que destacou a energia e a potência do movimento, enfatizando o bem-viver como uma busca essencial e uma forma de reparação.
Mais do que um protesto local, a 2ª Marcha das Mulheres Negras ultrapassou as fronteiras brasileiras, reunindo mulheres negras da diáspora, do continente africano e lideranças afrodescendentes de países como o Equador. A mobilização fortaleceu a articulação internacional das mulheres negras, buscando construir um futuro livre das violências do racismo, colonialismo e patriarcado, e promovendo a recuperação da memória e a visibilidade política dessas mulheres em suas diversas origens e territórios.
Durante a marcha, participantes destacaram a luta histórica das mulheres negras, que há séculos se mobilizam por liberdade, justiça e direito à vida. A ministra das Mulheres, Márcia Helena Lopes, lembrou que as mulheres negras correspondem a 28% da população brasileira e são protagonistas de uma luta pela reparação, igualdade racial e de gênero. Militantes reafirmaram que o movimento é fundamental para o fortalecimento coletivo, a renovação da energia das ativistas e o aprendizado mútuo, caminhando não apenas por si mesmas, mas por todas.
Realizada exatamente dez anos após a primeira marcha, que também reuniu mais de 100 mil mulheres negras em Brasília, a edição de 2025 reafirma o compromisso por reparação e bem-viver, rejeitando a simples sobrevivência e buscando transformar condições estruturais de exclusão, violência e desigualdade que afetam as mulheres negras do país. A magnitude da manifestação espelha a força de um movimento que se consolida como essencial na luta por direitos humanos e justiça social no Brasil.

