A fuga do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) para os Estados Unidos gerou repercussão imediata no Congresso Nacional. Diante do episódio, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), determinou que parlamentares não poderão mais votar pelo sistema eletrônico da Casa se estiverem no exterior, exceto em missões oficiais autorizadas. A decisão foi publicada no Diário Oficial da Câmara e acolheu integralmente o parecer da Secretaria-Geral da Mesa, que entendeu ser inviável, regimentalmente, o registro de presença ou votação por meio do aplicativo Infoleg fora do território nacional, mesmo que o parlamentar esteja amparado por atestado médico.
Ramagem, condenado a mais de dezesseis anos de prisão pelo envolvimento na tentativa de golpe de Estado, deixou o Brasil mesmo após ter sido proibido de viajar e ter seus passaportes suspensos. Sua saída do país foi considerada fuga para evitar o cumprimento da pena, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou sua prisão preventiva. O deputado, que já havia sido afastado do cargo e teve o mandato cassado, conseguiu votar em projetos importantes, como o PL Antifacção, enquanto estava nos Estados Unidos, o que motivou a mudança de regra na Câmara.
A decisão da presidência da Casa legislativa visa evitar que outros parlamentares utilizem o sistema eletrônico para votar estando fora do Brasil, garantindo que apenas deputados em missões oficiais autorizadas possam exercer esse direito. A Câmara ainda analisa se cancela ou mantém o voto de Ramagem no projeto, considerando as circunstâncias da sua ausência do país. O caso reforça o debate sobre a fiscalização do cumprimento de obrigações parlamentares e a necessidade de ajustes regimentais diante de situações excepcionais.

