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Comitês fazem moção de reconhecimento à EBC por cobertura no Rio

O Comitê Editorial e de Programação (Comep) e o Comitê de Participação Social, Diversidade e Inclusão (Cpadi), instâncias de participação social da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), manifestaram reconhecimento e apreço ao trabalho jornalístico realizado pelos veículos públicos da EBC na cobertura da operação policial que ocorreu no Rio de Janeiro em 28 de outubro de 2025 e que resultou em ao menos 121 mortos, configurando-se como a ação policial mais letal da história do estado. A moção destaca o compromisso das produções jornalísticas com os princípios do jornalismo público, ressaltando uma cobertura sensível, respeitosa e humanizada diante da dor das famílias periféricas afetadas pela operação nos complexos da Maré e da Penha.

Os comitês elogiaram especificamente a edição do Repórter Brasil Tarde, exibida em 29 de outubro pela TV Brasil, além das reportagens e registros produzidos pela Agência Brasil e pelo Radiojornalismo da EBC. A abordagem adotada nas coberturas incluiu a escuta plural e equilibrada das fontes, com depoimentos de moradores, lideranças comunitárias, representantes de organizações da sociedade civil, especialistas em segurança pública e direitos humanos, reafirmando o papel dos veículos públicos na garantia do direito à informação qualificada, contextualizada e comprometida com os direitos humanos e a democracia.

A Operação Contenção, realizada nos complexos do Alemão e da Penha, envolveu cerca de 2.500 agentes das Polícias Civil e Militar e teve como objetivo combater o avanço do Comando Vermelho e cumprir cerca de 100 mandados de prisão. A operação resultou em 121 mortes — 117 civis e 4 policiais, sendo considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, superando operações anteriores como as do Jacarezinho e da Vila Cruzeiro. Além disso, 113 suspeitos foram presos, e foram apreendidas 118 armas, entre elas 91 fuzis. Moradores afirmaram ter encontrado dezenas de corpos na mata, que foram levados para uma praça na Penha, evidenciando o impacto direto da operação nas comunidades locais.

Frente à gravidade do ocorrido, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, informou que uma força-tarefa foi montada no Instituto Médico Legal (IML) para a identificação dos mortos, processo que envolve reconhecimento por familiares, dactiloscopia e análise de DNA, com previsão de conclusão até o final da semana seguinte à operação. O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, destacou que muitos dos mortos são de outros estados, o que torna o processo identificativo mais complexo devido à necessidade de troca de informações com as polícias dessas unidades federativas.

Especialistas em segurança pública e direitos humanos apontam que, apesar do impacto da megaoperação, essas ações não têm conseguido reduzir o poder do crime organizado de forma definitiva. A advogada criminalista Lorena Pontes ressalta que o crime organizado é multifacetado e envolve redes complexas, demandando políticas públicas integradas, prevenção social e articulação governamental. Ela alerta que o êxito não pode ser medido pela letalidade, que pode aumentar os riscos de abusos e violações de direitos humanos, e que a autonomia histórica das polícias no Rio pode gerar falta de coordenação com outras políticas públicas.

No encerramento da moção, o Comep e o Cpadi solicitaram à direção da EBC que assegure equipamentos de proteção individual e condições adequadas de trabalho para os profissionais de comunicação envolvidos na cobertura, respeitando os protocolos de segurança jornalística em contextos de risco e áreas conflagradas. Este posicionamento reforça o papel vital da imprensa pública na cobertura de eventos complexos, garantindo informação justa, equilibrada e em defesa dos direitos humanos.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)