A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou a compra de 2,5 mil toneladas de leite em pó produzidas por associações e cooperativas da agricultura familiar, volume equivalente a cerca de 20 milhões de litros de leite integral. O investimento total pode chegar a R$ 106 milhões, conforme revelado pelo presidente da estatal, Edegar Pretto, nesta terça-feira (23), durante reunião com o setor produtivo em Porto Alegre (RS).
A medida visa enxugar o excedente de produção leiteira, elevar os preços pagos aos produtores e fortalecer a cadeia produtiva em meio à crise de mercado, com valores abaixo dos custos em várias regiões. “O que buscamos com essa ação é fortalecer a produção leiteira da agricultura familiar, adquirindo o excedente para garantir renda aos trabalhadores, manter uma atividade estratégica para o país e, ao mesmo tempo, assegurar o acesso a um alimento de qualidade às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional”, destacou Pretto.
O Brasil, terceiro maior produtor mundial de leite, registrou 35,6 bilhões de litros no ano passado, com 70% concentrados em Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Atualmente, o preço médio de mercado é de R$ 2,22 por litro, acima do valor de referência da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), de R$ 1,88, mas ainda insuficiente em algumas áreas. Na aquisição da Conab, o pagamento será de cerca de R$ 41,89 por quilo de leite em pó, considerando oito litros de leite integral por quilo mais custos operacionais.
Realizada no âmbito do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), na modalidade Compra Institucional (CI), a operação prioriza agricultores familiares de sete estados: Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Alagoas, Sergipe e Goiás. O Rio Grande do Sul deve receber a maior fatia, com cerca de 1.100 toneladas e R$ 41,8 milhões, correspondendo a 44% do volume nacional. As organizações interessadas podem se cadastrar no site da Conab ou pelo aplicativo PAANet até domingo (28), com limites ampliados para propostas de até R$ 30 mil por unidade familiar e R$ 6 milhões por entidade.
Produtores celebraram a iniciativa como um alívio imediato. “Nossa cadeia produtiva vem sendo fortemente impactada por questões de preço e de mercado. Essa medida traz um desafogo importante, pois enfrentávamos dificuldades para escoar o leite para a indústria nos últimos dias”, afirmou Elio Müller, presidente da Cooperativa Regional dos Assentados da Fronteira Oeste (Cooperforte), de Santana do Livramento (RS). O diretor de Políticas Agrícolas da Conab, Silvio Porto, reforçou que a ação é um socorro essencial às organizações da agricultura familiar, em diálogo contínuo com entidades como Fetag e MST.
