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Consciência ambiental cresce em áreas com projetos de longa duração

Regiões onde existem projetos de conservação marinha com atuação de longo prazo registram um aumento de até 20% na consciência ambiental das pessoas, conforme revela um estudo inédito realizado pelo Programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com a Rede Biomar. Essa rede congrega cinco projetos principais de conservação marinha: Albatroz, Baleia Jubarte, Coral Vivo, Golfinho Rotador e Meros do Brasil. A pesquisa, feita em maio de 2025 com 1.803 residentes de municípios costeiros, comparou um grupo de pessoas que conhecem pelo menos um desses projetos com um grupo controle sem contato com as iniciativas, mostrando que a percepção sobre a conexão com o oceano ganha mais de 10%, chegando a 20% em alguns casos quando há conhecimento sobre ações de conservação de pelo menos duas décadas.

Os dados indicam que 88% dos que conhecem esses projetos buscam informações sobre o oceano, percentual 23% superior ao grupo controle. Além disso, 87% dos entrevistados se sentem motivados a contribuir para a conservação marinha, diante de apenas 13% no grupo controle, e 82% estão dispostos a mudar hábitos para proteger o oceano, quase o dobro da disposição observada no grupo sem contato com as iniciativas. Mais de 90% dos reconhecedores dos projetos estão dispostos a atuar como agentes de mudança ou divulgar ações de conservação.

Esse estudo integra o planejamento estratégico da Rede Biomar para a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) que visa fomentar conhecimentos e ações até 2030. A fundadora do Projeto Albatroz e integrante da Rede Biomar, Tatiana Neves, enfatiza que a conscientização é um eixo central para transformar comportamentos e ampliar o impacto das ações de conservação marinha. Para ela, os resultados revelam que as estratégias adotadas têm alcançado o público e apontam caminhos para aprimorar ainda mais o engajamento social.

O Programa Maré de Ciência, criado em 2012 pela Unifesp, é uma referência nacional e internacional em popularização da ciência, educação oceânica e sustentabilidade. Atuando com uma abordagem transdisciplinar, o programa conecta escolas, comunidades, universidades, gestores públicos e setor produtivo para coproduzir conhecimento e fortalecer políticas públicas voltadas à conservação marinha e à resiliência climática. Suas iniciativas, como o Programa Escola Azul, incentivam a cultura oceânica em escolas por todo o Brasil, ampliando o conhecimento sobre a importância dos oceanos e promovendo atitudes sustentáveis desde a educação infantil até o ensino superior.

O estudo reforça que investimentos contínuos e de longo prazo em educação ambiental e sensibilização comunitária geram efeitos diretos e duradouros no comportamento social e ambiental, demonstrando que o engajamento sustentável com o meio marinho é possível e essencial para a conservação dos recursos oceânicos e para o bem-estar das comunidades costeiras e do planeta.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)