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COP30 colocou pauta indígena no centro do debate global, diz ministra

A 30ª Conferência das Partes sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém, destacou a pauta indígena como centro do debate global, segundo a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. Ela ressaltou que, pela primeira vez, a conferência reconhece os territórios indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais como partes essenciais das soluções para a mitigação das mudanças climáticas, colocando a posse da terra e a proteção desses territórios como legado fundamental a ser deixado pelo evento.

Durante sua participação no programa “Bom Dia, Ministra”, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Guajajara defendeu que a consolidação da posse dos territórios indígenas e tradicionais é indispensável para enfrentar a emergência climática de forma eficaz. A ministra destacou a necessidade de decisões concretas para garantir financiamento climático compatível com a escala da crise ambiental, visando ações práticas nos territórios dos povos originários.

A COP30 vem sendo chamada de “COP da democracia” por assegurar a participação ampliada e diversa da sociedade, incluindo povos indígenas, comunidades tradicionais, mulheres e jovens. São 900 indígenas credenciados para atuar nos espaços oficiais de debate da conferência, sendo 360 somente do Brasil, entre os 3,4 mil indígenas presentes na aldeia da COP, espaço dedicado à participação organizada desses povos. Essa presença ampla fortalece a inserção da pauta indígena em todas as negociações, garantindo um protagonismo que vai além da mera presença física, colocando seus conhecimentos e demandas no centro dos diálogos globais sobre clima.

Outro legado significativo esperado da COP30 é o avanço do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que propõe um novo modelo de financiamento climático. O fundo prevê recompensar financeiramente os países que preservam florestas tropicais, destinando uma parte relevante dos recursos — estimada em 20% — diretamente para povos indígenas e comunidades locais que vivem nesses territórios. Esse modelo busca reconhecer o papel central dessas populações na proteção dos biomas e no combate ao desmatamento.

Além disso, o governo brasileiro, por meio do Ministério dos Povos Indígenas, tem avançado em ações concretas, como a desintrusão de terras indígenas para impedir invasões e garantir a proteção desses territórios, considerados fundamentais para a conservação ambiental e a luta contra as mudanças climáticas. Guajajara reforçou que a defesa dos direitos territoriais indígenas, o reconhecimento do conhecimento tradicional e a valorização dos defensores ambientais são pilares essenciais para garantir uma transição climática justa e efetiva.

A COP30 representa um marco histórico na inclusão e reconhecimento dos povos indígenas como agentes decisivos na busca por soluções para a crise climática global, colocando a diversidade cultural, a sustentabilidade dos territórios e a justiça socioambiental no centro das negociações internacionais.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)