# COP30 em Belém: Crianças e Jovens Ganham Voz nas Negociações Climáticas
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, que transcorre em Belém entre 10 e 21 de novembro de 2025, recebeu nesta segunda-feira (17) a participação especial de crianças e jovens que ocuparam os corredores do evento com suas perspectivas sobre o futuro do planeta. Em um dia temático dedicado exclusivamente aos mais jovens, os debates e as negociações climáticas ganharam nova dimensão a partir do olhar de quem sente na pele a urgência da crise climática e se questiona se conseguirá chegar ao futuro que almeja.
A presença massiva da juventude na conferência reflete a consciência global de que as decisões tomadas agora em Belém moldarão diretamente a realidade daqueles que ainda enfrentarão as consequências das mudanças climáticas por décadas. Com um dia inteiramente dedicado a eles, crianças e adolescentes não foram apenas espectadores passivos das negociações, mas participantes ativos em diálogos sobre ação climática, trazendo uma urgência existencial para as mesas de negociação onde líderes mundiais debatem políticas de transição energética, desmatamento e financiamento climático.
A conferência realizada pela primeira vez no coração da Amazônia brasileira busca implementar uma agenda ambiciosa estruturada em seis eixos temáticos principais. Entre os objetivos centrais está a transição nos setores de energia, indústria e transporte, que implica triplicar as energias renováveis e duplicar a eficiência energética, além de acelerar tecnologias de zero e baixas emissões em setores de difícil descarbonização. A gestão sustentável de florestas, oceanos e biodiversidade também figura como prioridade, envolvendo investimentos para parar e reverter o desmatamento e a degradação florestal, bem como a transformação da agricultura e sistemas alimentares através da recuperação de áreas degradadas e práticas agrícolas sustentáveis.
Enquanto os debates acontecem em Belém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu retornar à conferência nesta quarta-feira (19) para participar da reta final das negociações. Em mensagem lida pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, Lula afirmou que se encontrará com o secretário-geral da ONU, António Guterres, em um esforço conjunto para fortalecer a governança climática e o multilateralismo. O presidente também participará de reuniões com diversos países, representantes da sociedade civil, povos indígenas, populações tradicionais, governadores e prefeitos. Na ocasião, Lula destacou a necessidade de um mapa do caminho para a transição energética e o fim do desmatamento ilegal, ressaltando que não se pode sair de Belém sem decisões concretas sobre estes temas.
O vice-presidente Geraldo Alckmin também se posicionou sobre a importância desse mapa do caminho durante uma sessão ministerial. Além de prever o fim da dependência de combustíveis fósseis e do desmatamento ilegal, o documento deve integrar a valorização das florestas com foco na sócio-bioeconomia e na recuperação de áreas degradadas, além de promover a cooperação entre governos, empresas e comunidades locais em um esforço coletivo que Alckmin descreveu como um “mutirão” para mudar mentes e realidades.
O palco de Belém, localizado na foz do rio Amazonas e reconhecida como principal via de acesso à vasta floresta amazônica, não é apenas cenário simbólico para essa conferência, mas uma declaração de intenções do mundo em se unir em torno de uma causa comum: o trabalho coletivo para combater as mudanças climáticas. A presença de crianças e jovens nesta segunda-feira reforçou essa mensagem, lembrando aos negociadores que as decisões climáticas são, em essência, sobre preservar um planeta habitável para as gerações futuras.

