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COP30: demarcação de terras e participação popular marcaram protestos

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, no Pará, foi marcada por intensas manifestações de povos indígenas que exigiram maior participação nas decisões climáticas e a proteção de seus territórios. Durante toda a semana, representantes de comunidades tradicionais, agricultores, ribeirinhos, quilombolas e movimentos sociais se mobilizaram para cobrar ações concretas dos governos e dos países presentes na cúpula.

Na Zona Azul, espaço reservado para delegações oficiais e negociações, indígenas realizaram protestos pacíficos, entoando cânticos e exibindo cartazes com mensagens como “Nossa terra não está à venda” e “Não podemos comer dinheiro”. Eles reivindicaram a demarcação de terras, a saída de empresas canadenses dos territórios indígenas e a revogação de decretos que permitem a privatização de empreendimentos públicos nos rios Madeira, Tocantins e Tapajós. O protesto ocorreu logo após a retomada das negociações, que haviam sido interrompidas por um incêndio em um dos pavilhões da conferência.

A pressão dos povos indígenas foi constante ao longo da COP30. Em um dos momentos mais simbólicos, cerca de 90 integrantes do povo Munduruku bloquearam a entrada principal do evento, exigindo o fim de projetos que ameaçam seus territórios, como a construção da Ferrogrão, ferrovia que ligará Mato Grosso ao Pará, e a exploração de minérios em áreas protegidas. A manifestação durou quase quatro horas e gerou debates sobre a inclusão dos povos originários nas discussões climáticas. O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, reconheceu que a cumbre não tem integrado corretamente os povos indígenas e afirmou que é necessário buscar formas de melhorar essa participação.

A mobilização indígena também incluiu ações simbólicas, como a barqueata da Cúpula dos Povos, que reuniu mais de 200 embarcações e cerca de 5 mil pessoas nas águas da Baía do Guajará, em Belém. O ato foi uma demonstração de força e união dos povos tradicionais, que cobraram justiça climática e social, além de denunciaram a ausência de maior participação popular nas decisões da COP30.

Apesar das manifestações, o governo brasileiro anunciou avanços na demarcação de terras indígenas durante a conferência. Foram homologadas quatro Terras Indígenas e assinadas portarias para a criação de dez novas áreas, beneficiando mais de 40 grupos espalhados por todo o país. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou que o governo vai realizar consulta prévia aos povos sobre o projeto de hidrovia no Tapajós, atendendo a uma das principais demandas dos indígenas.

A COP30 terminou com a sensação de que, embora haja avanços, ainda há muito a ser feito para garantir a participação efetiva dos povos indígenas nas decisões climáticas. Para os manifestantes, a luta continua, pois a proteção dos territórios e a defesa dos direitos dos povos originários são essenciais para enfrentar a crise climática e garantir um futuro sustentável para todos.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)
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