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COP30: marcha global indígena em Belém cobra demarcação de territórios

# Povos Indígenas Marcham em Belém Pedindo Justiça Climática e Fim da Violência

Cantos ancestrais ecoaram pelas ruas de Belém nesta segunda-feira (17) quando povos originários de todos os continentes se reuniram para a Marcha Global dos Povos Indígenas. A manifestação, que integra a programação paralela da COP30, transformou a capital paraense em um palco de reivindicações urgentes por justiça climática e proteção territorial, enquanto homenageava vidas perdidas na luta pelos direitos indígenas.

Os participantes carregavam cartazes com a frase que resumia o clamor do dia: “Parem de nos matar”. O grito ecoava em solidariedade especial ao assassinato de Vicente Fernandes Vilhalva Kaiowá, indígena de 36 anos atingido por tiro na cabeça durante um ataque armado à retomada Pyelito Kue, no município de Iguatemi, em Mato Grosso do Sul, no domingo anterior. Lideranças indígenas presentes na marcha denunciaram a impunidade que envolve os crimes contra povos originários e criticaram a falta de ação das autoridades de justiça.

Paulo Macuxi, coordenador do Conselho Indígena de Roraima, discursou com tom de indignação: “Nossos parentes estão sendo assassinados e isso não vai ficar barato. Alguém tem que ser responsabilizado, alguém tem que ser punido porque são vidas sendo perdidas, dia após dia, e ninguém faz nada”. Nádia Tupinambá, do território indígena de Olivença no sul da Bahia, complementou com um apelo que transcendia a morte de pessoas: “Parem de matar nossas florestas. Parem de vender nossos rios”.

A manifestação deste sábado (15), primeira grande mobilização durante a COP30, havia reunido mais de 70 mil pessoas de diversos continentes, percorrendo aproximadamente 4,5 quilômetros pelas ruas da capital paraense. Indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais, populações periféricas e movimentos sociais caminharam juntos sob os alicerces de solidariedade internacional e justiça climática. Durante o trajeto, os manifestantes enfatizaram demandas por transição energética e ecológica justa, reparação pelos danos causados aos povos tradicionais e financiamento climático público.

As vozes da rua também denunciavam problemas estruturais que aumentam a vulnerabilidade indígena frente à crise climática. Célia Pinto, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, destacou como a falta de titulação de territórios e de políticas públicas concretas agrava os impactos das mudanças climáticas sobre povos que já enfrentam menor acesso a recursos e proteção territorial. Críticas também foram direcionadas ao insuficiente diálogo com o Governo Federal, aos avanços limitados em medidas de garantia de direitos e à captura corporativa dos espaços de debate da conferência por empresas do agronegócio e mineração.

A marcha consolidou-se como forte memória de um momento histórico: o encontro global de povos em defesa de suas vidas, territórios e florestas, rejeitando soluções vazias enquanto continuam sendo assassinados na luta por justiça climática real.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)
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