Os Correios apresentaram um plano de reestruturação financeira e operacional visando garantir a sustentabilidade e a modernização da estatal, diante de prejuízos bilionários registrados recentemente. Para custear suas operações e equilibrar as contas nos anos de 2025 e 2026, a empresa está negociando com bancos um empréstimo de R$ 20 bilhões, com garantia do Tesouro Nacional. A expectativa é que, com essas medidas, os Correios retomem o lucro a partir de 2027.
No primeiro semestre de 2025, a estatal registrou um prejuízo de R$ 4,36 bilhões, um aumento expressivo em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o déficit foi de R$ 1,3 bilhão. A crise financeira é atribuída, em parte, à crescente concorrência no comércio eletrônico e à falta de adaptação rápida da empresa a essa nova realidade, que resultou em perda de receita e impacto negativo na geração de caixa e na operação.
Entre as medidas anunciadas estão o lançamento de um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV), que incluirá um mapeamento detalhado da força de trabalho para identificar áreas ociosas, visando reduzir despesas sem comprometer a capacidade operacional da empresa. Também está prevista a venda de imóveis ociosos para gerar novos recursos e diminuir custos de manutenção. Além disso, o plano envolve a renegociação de contratos com os principais fornecedores para reduzir os custos operacionais, sempre preservando a segurança jurídica das operações.
A diversificação das fontes de receita é uma prioridade para os Correios, que buscam ampliar seu portfólio de produtos e serviços. A estatal tem feito um esforço para se reaproximar de grandes clientes e estuda experiências internacionais, principalmente relacionadas à rede logística e aos serviços financeiros, segmento considerado essencial para a geração de lucro em outras empresas do setor.
Em termos de estrutura, os Correios mantêm presença em 100% dos municípios brasileiros, contando atualmente com mais de 10 mil agências de atendimento, 8 mil unidades operacionais, uma frota de 23 mil veículos e cerca de 80 mil funcionários diretos.
Em uma comparação com as medidas anteriores adotadas em 2025, que incluíram redução de jornada e fim do trabalho remoto, o presidente Emmanoel Rondon afirmou que o novo conjunto de ações tem caráter estrutural e visa garantir o equilíbrio financeiro da empresa a médio e longo prazo. Ele também ressaltou que o fundo de pensão Postalis representa uma despesa importante e que há necessidade de negociar soluções mais sustentáveis nesse campo.
Sobre a possibilidade de privatização, o presidente descartou essa alternativa no momento, destacando que o foco está na reestruturação interna para garantir a viabilidade e a sustentabilidade da empresa pública. O objetivo principal é assegurar que as receitas dos Correios sejam suficientes para cobrir suas despesas, tirando a companhia da situação de dependência financeira do Tesouro.
Em resumo, o plano de reestruturação dos Correios é um esforço abrangente que combina empréstimos bilionários, corte estruturado de gastos, diversificação da receita e modernização operacional para superar um período financeiro difícil e garantir o futuro da empresa como uma estatal viável e moderna.
