A Cúpula dos Povos foi aberta nesta quarta-feira (12), às margens do Rio Guamá, em Belém do Pará, reunindo milhares de pessoas vindas de diversas partes do mundo para debater e apresentar demandas sociais e ambientais paralelamente à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). O evento, que segue até o dia 16 de novembro, acontece no campus da Universidade Federal do Pará, com uma intensa programação que busca ampliar o diálogo entre movimentos sociais, organizações populares, povos indígenas, quilombolas, agricultores familiares, ribeirinhos, pescadores e ativistas de todo o planeta.
O primeiro ato político da Cúpula foi a Barqueata, um manifesto fluvial que reuniu cerca de 200 embarcações navegando pelas águas do Rio Guamá até a Baía do Guajará. O trajeto, marcado por cantos, cartazes e faixas, simbolizou a união de vozes populares em defesa da justiça climática, dos territórios e da vida. Participaram lideranças indígenas, ribeirinhas e representantes de comunidades tradicionais, entre elas o cacique Raoni Metuktire e a ativista Alessandra Korap Munduruku, que chegaram a Belém após uma jornada de mais de 3 mil quilômetros.
A cerimônia de abertura oficial aconteceu às 17h, no palco montado na UFPA, e marcou o início de debates sobre temas urgentes como soberania alimentar, transição energética, enfrentamento ao extrativismo fóssil, governança participativa, racismo ambiental, direito à cidade e adaptação das cidades com foco em gênero, raça, classe e território. A programação também inclui plenárias, atividades culturais, feira popular, cozinha solidária, espaço para infância e adolescência e a Casa das Sabedorias Ancestrais, com apresentações de artistas e grupos populares da Amazônia e de outras regiões do Brasil.
A Cúpula dos Povos é construída por mais de 1.100 organizações da sociedade civil e tem como objetivo fortalecer a construção popular, convergir pautas de unidade e apresentar propostas para um futuro de bem-viver, respeitando as diversidades e especificidades dos povos. Entre os principais eixos temáticos estão justiça climática, transição justa, direitos territoriais, reparação histórica e combate ao racismo ambiental.
No encerramento do evento, no domingo (16), está prevista uma audiência pública com a presidência da COP30, onde será apresentada a agenda política dos movimentos populares, além da entrega da Carta de Declaração dos Povos, documento que reunirá as principais propostas e demandas da sociedade civil. O evento se despede com um “banquetaço” na Praça da República, em Belém, simbolizando o compromisso com a soberania alimentar e o direito à vida digna nos territórios.

