Funcionários israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, questionam há muito tempo a eficácia da UNRWA (Agência das Nações Unidas para Refugiados da Palestina), acusando-a de perpetuar a crise de refugiados. A UNRWA permite que os palestinos transmitam seu status de refugiado entre gerações. Em seu mandato, está inscrito o direito dos palestinos deslocados, forçados ao exílio após a Nakba de 1948, e seus descendentes, de retornar à sua terra natal.
Agora, com cerca de 14,3 milhões de refugiados palestinos na diáspora, superando a população de 9,4 milhões de Israel, a decisão do governo israelense de banir a UNRWA essa semana removerá esse direito. Além disso, essa decisão afetará milhões de refugiados palestinos que dependem dos serviços da UNRWA.
A história de estudantes palestinos que alcançaram o sucesso apesar dos desafios impostos pelo conflito israelense-palestino é inspiradora. A Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA) desempenha um papel fundamental nesse processo, oferecendo apoio educacional a esses jovens.
Um exemplo notável é o programa de bolsas de estudo da UNRWA, que ajuda estudantes palestinos a acessar a educação superior. A organização Fobzu, por exemplo, oferece bolsas de estudo para estudantes palestinos em necessidade financeira, cobrindo as taxas universitárias por um ano ¹. Além disso, a UNRWA trabalha em parceria com a UNESCO para fornecer treinamento vocacional e educação de qualidade para os refugiados palestinos.
Uma história verdadeiramente marcante de um dos beneficiados desses programas é de Loay Elbasyouni, um engenheiro palestino-americano, que pode exemplificar como pouco a importância da UNRWA para a juventude de Gaza. Nascido na Alemanha, Loay cresceu em Beit Hanoun, na Faixa de Gaza, onde viveu durante a Primeira Intifada ¹. Apesar dos desafios, ele beneficiou-se da educação facilitada pela UNRWA e mais tarde se tornou um dos principais nomes na equipe da NASA que projetou o helicóptero Ingenuity, que voou na superfície de Marte em abril de 2021.
Loay sempre foi fascinado pela engenharia e pelo espaço. Ele se lembra de olhar para as estrelas na praia de Gaza e sonhar em voar no espaço. Sua determinação o levou a estudar engenharia elétrica na Universidade de Louisville, nos Estados Unidos, onde se formou em 2005.
A carreira de Loay na NASA foi marcada por conquistas notáveis. Ele foi líder de equipe do helicóptero Ingenuity e recebeu vários prêmios por suas contribuições para a exploração espacial. No entanto, sua história também é marcada por desafios pessoais. Em 2023, seus pais, que estavam visitando Gaza, ficaram presos durante o conflito e Loay teve que usar suas conexões para garantir sua evacuação segura.
O apoio da UNRWA não se limita apenas à educação formal. A agência também fornece recursos adicionais, como materiais de estudo e apoio psicológico, para ajudar os estudantes a superar os desafios do conflito ³. Além disso, a UNRWA recebeu apoio financeiro de países como a China, que doou US$ 1 milhão para o programa de educação da agência ⁴.
A importância do apoio da UNRWA aos estudantes palestinos vai além da educação em si. É uma questão de direitos humanos e justiça. A educação é um direito fundamental que pode ajudar a quebrar o ciclo de pobreza e violência que afeta muitas comunidades palestinas.
Portanto, é essencial que continuemos a apoiar a UNRWA e suas iniciativas educacionais. Juntos, podemos fazer a diferença na vida de jovens palestinos e ajudar a construir um futuro mais brilhante para todos.
FONTES:
https://en.wikipedia.org/wiki/Loay_Elbasyouni
https://www.elbasyouni.com/about-me/
https://www.elbasyouni.com/
Israel enfrenta reação internacional após banir agência da ONU
Apesar disso, o parlamento de Israel aprovou um projeto de lei que proíbe a principal agência de ajuda das Nações Unidas na Faixa de Gaza, desencadeando uma reação internacional. Apesar das preocupações globais, incluindo dos Estados Unidos, aliado de Israel, os legisladores votaram esmagadoramente a favor da proibição da UNRWA de trabalhar em Israel e Jerusalém Oriental anexada.
Israel afirma que a UNRWA foi infiltrada pelo Hamas e que o grupo militante desvia ajuda e usa instalações da ONU para proteger suas atividades, alegações negadas pela agência da ONU. “Existe uma conexão profunda entre a organização terrorista (Hamas) e a UNRWA, e Israel não pode tolerá-la”, disse o legislador Yuli Edelstein ao apresentar a proposta.
A proibição gerou descontentamento entre os aliados ocidentais de Israel, com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer expressando “preocupação grave”. A Alemanha, defensora da segurança de Israel, alertou que a medida tornaria o trabalho da UNRWA “impossível” em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, “colocando em risco ajuda humanitária vital para milhões de pessoas”.
O porta-voz da UNICEF, James Elder, disse que a suspensão do trabalho da UNRWA “provavelmente levaria ao colapso do sistema humanitário em Gaza”. O chefe da ONU, Antonio Guterres, afirmou que a lei israelense teria “consequências devastadoras” se implementada, enquanto o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, advertiu que o voto “estabelece um precedente perigoso”.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse nas redes sociais que Israel está “preparado” para continuar fornecendo ajuda a Gaza “de forma que não ameace a segurança de Israel”. A proibição ocorre enquanto o conflito rage em Gaza e Líbano, onde um segundo frente se abriu no mês passado. A guerra em Gaza começou quando militantes do Hamas invadiram Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas, principalmente civis, e sequestrando cerca de 250.
Cerca de 100 reféns ainda estão dentro de Gaza, com um terço acreditado estar morto. A ofensiva retaliatória de Israel matou mais de 43.000 palestinos, segundo autoridades de saúde locais. Cerca de 90% da população de 2,3 milhões foi deslocada de suas casas, muitas vezes várias vezes.