São Paulo começou a sexta-feira (7) com céu nublado, mas, ao longo do dia, o sol predomina e a temperatura sobe rapidamente, alcançando máximas de 28°C, enquanto a umidade relativa do ar despenca, chegando a patamares próximos a 35%. O cenário de calor seco dá margem para um final de noite com reaparecimento das nuvens e possibilidade de pancadas de chuva isoladas, típicas da estação de primavera, segundo monitoramento do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE).
A chegada do sábado (8), no entanto, muda o rumo do tempo. Entre a madrugada e o amanhecer, pancadas de chuva de forte intensidade são previstas, acompanhadas de trovoadas, raios frequentes e rajadas de vento que podem ultrapassar 80 km/h na capital. Os termômetros oscilam entre 16°C e 26°C, com umidade mínima em torno de 55%. O cenário instável exige atenção: há risco de alagamentos rápidos, quedas de árvores e até formação de granizo em algumas regiões. No domingo (9), o ar frio avança, a umidade retorna e o sol dá espaço para muitos períodos de nublado, com mínimas de 15°C e máximas de 20°C, além da possibilidade de garoa entre a madrugada e a manhã.
Nos bastidores dessa mudança brusca está a atuação de um ciclone extratropical na costa do Sudeste, que intensifica a instabilidade atmosférica e leva a Defesa Civil do estado a emitir alerta para tempestades severas. Meteorologistas explicam que o encontro do calor pré-frontal com o avanço de uma frente fria, associado à circulação do ciclone, cria condições para eventos extremos: granizo isolado, raios frequentes, rajadas de vento extremas e até microexplosões pontuais. Os ventos podem chegar a 115 km/h no litoral norte, 110 km/h na Baixada Santista, Vale do Ribeira e Itapeva, e até 100 km/h na região metropolitana de São Paulo, Campinas, Sorocaba, Vale do Paraíba e Serra da Mantiqueira. No interior, como Presidente Prudente, Marília, Araçatuba e Barretos, as rajadas são um pouco menos intensas, mas ainda significativas.
O acumulado de chuva deve ser expressivo em várias regiões do estado. Na metrópole paulista, Vale do Ribeira, Itapeva, Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira, Baixada Santista e Litoral Norte, os volumes são considerados médios. No entanto, cidades do oeste e noroeste paulista, como Araçatuba, São José do Rio Preto, Barretos, Franca, Ribeirão Preto, Bauru e Araraquara, podem registrar altos acumulados, enquanto Presidente Prudente e Marília têm previsão de volumes muito altos. As autoridades alertam para o risco de inundações rápidas e deslizamentos em áreas de encosta.
O fenômeno não se restringe à capital e ao estado de São Paulo. Na região Sul do país, a passagem de um sistema frontal formado na Argentina já provoca forte instabilidade, com rajadas de vento de até 100 km/h no litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, acumulados de chuva superiores a 100 mm em 24 horas e risco de granizo no Paraná e sul do Mato Grosso do Sul. Esse sistema avança rumo ao Sudeste e deve chegar ao litoral paulista na manhã de sábado, intensificando ainda mais as rajadas de vento, que podem atingir 60 km/h também no litoral do Rio de Janeiro.
Diante do cenário, as Defesas Civis dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro atuam de forma integrada, com monitoramento em tempo real para otimizar a resposta e mitigar impactos. As recomendações à população são claras: evitar áreas arborizadas e não estacionar veículos sob árvores, recolher objetos soltos em varandas e quintais, não circular em áreas abertas ou manter contato com água durante tempestades com raios, e, em caso de fio energizado caído sobre o veículo, permanecer no interior do carro e acionar imediatamente o Corpo de Bombeiros.
A rapidez com que a primavera paulista alterna calor intenso, tempo seco e tempestades severas ilustra a complexidade do clima urbano e a necessidade de acompanhamento constante dos boletins oficiais. Em poucas horas, a capital pode passar de tardes abafadas para noites de temporal, exigindo da população e das autoridades atenção redobrada para evitar transtornos maiores. O episódio também ressalta a importância dos sistemas de alerta e da ação preventiva, especialmente em regiões historicamente vulneráveis a eventos extremos.

