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Duas pesquisadoras da Uerj participam do seleto grupo do IPCC da ONU

Duas pesquisadoras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Letícia Cotrim e Luciana Prado, ambas da Faculdade de Oceanografia, foram selecionadas para integrar o seleto grupo de 664 especialistas de 111 países que atuarão como autoras no relatório do 7º Ciclo de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da ONU. Elas representam o Brasil no Grupo de Trabalho 1, dedicado às bases físicas do clima, com Letícia como autora-coordenadora do capítulo 4, sobre avanços no entendimento de processos no sistema terrestre e mudanças associadas ao clima, e Luciana como autora-líder do capítulo 2, focado em mudanças climáticas observadas nas últimas décadas sob uma perspectiva global, com ênfase em paleoclimatologia.

Apenas 18 pesquisadores brasileiros compõem esse ciclo, e a Uerj é a única instituição do país a contribuir com duas mulheres, destacando a excelência científica da universidade e a relevância da presença feminina em fóruns globais de formulação de políticas baseadas em evidências. O IPCC produz uma das principais referências internacionais sobre a crise climática, referendada por todos os países signatários da ONU e usada para guiar decisões governamentais, acordos internacionais e estratégias de adaptação e mitigação, embora suas recomendações não sejam obrigatórias.

No 7º Ciclo, iniciado formalmente em julho de 2023 e previsto para ser concluído em 2028 com o Relatório Síntese, os especialistas analisam os conhecimentos científicos mais recentes sobre indicadores físicos das mudanças climáticas, impactos, riscos, adaptação e mitigação. A primeira reunião dos autores-líderes e coordenadores dos três grupos de trabalho ocorreu na primeira semana de dezembro, em Paris, marcando a inédita integração simultânea das áreas para fortalecer a trans e interdisciplinaridade, permitindo um salto qualitativo nas avaliações de questões chave relacionadas à mudança do clima.

Letícia Cotrim, do Departamento de Oceanografia Química, já havia atuado como autora-líder no 6º Ciclo (2018-2021). Ela explica que o capítulo 4 aborda o funcionamento de ecossistemas terrestres, marinhos e costeiros, e suas interações com a atmosfera e a criosfera, como polos e regiões de alta montanha com geleiras. Luciana Prado, do Departamento de Oceanografia Física e Meteorologia, vê a seleção como um marco na carreira, em meio a inúmeras inscrições mundiais. Sua contribuição compila estudos de climas passados para compreender melhor o sistema climático e melhorar projeções futuras, funcionando como um diagnóstico global das mudanças observadas.

O Grupo de Trabalho 1 examina temas como gases de efeito estufa e aerossóis na atmosfera, mudanças de temperatura no ar, terra e oceanos, ciclo hidrológico e padrões de precipitação, eventos climáticos extremos, geleiras e calotas polares, oceanos e elevação do nível do mar, biogeoquímica, ciclo do carbono e sensibilidade climática. A avaliação combina observações, dados de paleoclima, estudos de processos, teoria e modelagem, com rodadas de revisão por cientistas e governos signatários antes da aprovação do sumário final, que orienta compromissos internacionais. O próximo encontro dos autores está marcado para abril de 2026, em Santiago, no Chile.[1]

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)

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