As chuvas intensas que atingiram o Rio Grande do Sul entre abril e maio de 2024 causaram impactos severos em praticamente toda a extensão do estado, afetando 459 municípios, o que corresponde a 92,4% do total. Apesar da magnitude do evento climático, que resultou em 183 vítimas fatais, os alertas emitidos pelas autoridades alcançaram a totalidade da população em apenas 42,9% das cidades atingidas. Essa lacuna na comunicação contribuiu para a vulnerabilidade da população diante das enchentes e desastres associados.
Além da ampla área afetada, a maioria dos municípios (63%) conseguiu emitir algum tipo de alerta à população durante as chuvas, mas ainda assim muitos moradores ficaram sem orientação adequada para os riscos iminentes. A pesquisa do IBGE revela que 388 municípios possuíam Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil, porém apenas 323 municípios, o equivalente a 70,4% dos afetados, realmente executaram esses planos no momento da emergência. Entre as 65 cidades que não conseguiram implementar o planejamento previsto, os principais obstáculos apontados foram a falta de recursos financeiros, humanos, treinamento adequado, equipamentos e viaturas.
Os impactos causados pelas chuvas foram profundos e variados, abrangendo enchentes, alagamentos, inundações e erosões, além de desastres como queda de barreiras, solapamento das margens dos rios, deslizamentos, corridas de massa e até incêndios. Dos municípios afetados, 496 enfrentaram enchentes ou enxurradas, 336 enfrentaram alagamentos, e 316 sofreram inundações. Outros eventos graves como quedas de barreiras e desabamentos de edificações também foram registrados, evidenciando o panorama de destruição imposto pelas fortes chuvas.
Um exemplo concreto da extensão do problema foi o alagamento do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, um dos principais centros de transporte do estado, que permaneceu inundado e interrompeu suas operações, causando transtornos à mobilidade e à economia local. As consequências do desastre climático também se refletiram na agricultura, uma vez que o excesso de chuvas prejudicou cultivos importantes, afetando a produção de grãos e a safra da temporada no Rio Grande do Sul.
O cenário mostra a necessidade urgente de aprimorar a capacidade de resposta dos municípios do estado, investindo em prevenção, estruturação e treinamento das equipes responsáveis pela proteção civil, para evitar que futuras tragédias tenham efeitos ainda mais devastadores. A extensão e gravidade das enchentes de 2024 evidenciam o desafio crescente do Rio Grande do Sul em lidar com eventos climáticos extremos e a importância de instrumentos eficazes de gestão de riscos para proteger a vida e o patrimônio da população.

