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Em igreja na Penha, fiéis rezam por paz e proteção em semana de horror

No Dia de Finados, fiéis da Paróquia Bom Jesus da Penha, localizada na zona norte do Rio de Janeiro, reuniram-se para celebrar missas e rezar pelos entes queridos, estendendo suas preces também às famílias das 121 pessoas mortas na recente Operação Contenção, realizada em favelas vizinhas no último dia 28 de outubro. A operação, considerada a maior e mais letal da história do Rio de Janeiro, foi realizada pelo Governo do Estado com o objetivo de conter o avanço da facção criminosa Comando Vermelho. Cerca de 2.500 agentes participaram da ação, que atingiu 26 comunidades, principalmente nos complexos da Penha e do Alemão, e resultou em confrontos intensos, com barricadas incendiadas e uso de bombas lançadas por drones contra as forças policiais.

O padre Marcos Vinícius Aleixo, que celebrou a missa na paróquia neste domingo, destacou o impacto da operação sobre a comunidade local. Ele afirmou que as pessoas estão com medo e que a frequência nas missas diminuiu devido à insegurança predominante no bairro, onde moradores temem sair de casa até para participar das celebrações religiosas. O padre ressaltou que o som dos tiros e o barulho das operações geram traumas profundos, crises de ansiedade e medo nas pessoas que vivem nas comunidades afetadas. Segundo ele, são pessoas de bem que enfrentam uma dura realidade, muitas vezes sem alternativas para sair daquela situação, lutando diariamente para sobreviver com trabalho honesto.

A operação policial resultou em 121 mortos, incluindo quatro policiais, e é reconhecida como a operação mais letal do estado do Rio e do Brasil, superando o massacre do Carandiru de 1992. Entre os mortos, 100 corpos já foram identificados, dos quais 42 eram foragidos da justiça e 78 possuíam histórico criminal relevante. As forças de segurança apreenderam mais de uma tonelada de drogas e 118 armas, entre elas 91 fuzis. O governo do estado, representado pelo governador Cláudio Castro, defendeu a operação como um sucesso e afirmou que todos os mortos eram criminosos, apesar das críticas nacionais e internacionais e das denúncias de execuções ilegais por parte de familiares e organizações de direitos humanos.

A megaoperação, que durou um dia inteiro, deixou marcas profundas na população das comunidades envolvidas, que além das perdas humanas enfrenta agora traumas psicológicos e sociais. O fechamento de comércio, escolas e postos de saúde, as interrupções de transporte e o clima de medo contribuem para transformar o cotidiano dessas pessoas em um cenário de insegurança permanente. Especialistas em violência urbana alertam que as consequências dessas operações impactam a saúde mental e física da população, com aumento de doenças e transtornos associados ao estresse e à violência constante.

A Paróquia Bom Jesus da Penha, com seus 80 anos de história e relevante presença na comunidade da zona norte, tem sido um espaço de acolhimento e conforto para os moradores, oferecendo missas diárias, projetos sociais, creche educacional e apoio espiritual. No contexto da tragédia provocada pela Operação Contenção, a igreja tem se dedicado a acolher as famílias enlutadas, rezar pela paz e interceder pelas vítimas, promovendo solidariedade e esperança em meio ao sofrimento vivido pelos moradores da Penha e regiões vizinhas.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)