Home / Brasil e Mundo / Em várias capitais, manifestantes vão às ruas contra PL da Dosimetria

Em várias capitais, manifestantes vão às ruas contra PL da Dosimetria

Manifestantes foram às ruas de ao menos 14 capitais brasileiras neste domingo para protestar contra a aprovação, na Câmara dos Deputados, do chamado PL da Dosimetria, projeto que altera o cálculo das penas e que, segundo críticos, beneficiaria condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, incluindo o ex‑presidente Jair Bolsonaro[3].

Em Brasília, manifestantes se reuniram em frente ao Museu da República e seguiram em marcha pela Via S1 até o Congresso Nacional, onde entoaram palavras de ordem como “Sem anistia para golpista” e exibiram cartazes criticando o presidente da Câmara, Hugo Motta[5][3]. Na capital paulista, a Avenida Paulista foi ocupada por representantes de centrais sindicais, movimentos sociais, estudantes e partidos de oposição, concentrados nos quarteirões próximos ao MASP, onde o coro “sem anistia” e faixas com mensagens como “Congresso inimigo do povo” marcaram a mobilização[3]. No Rio de Janeiro, milhares se reuniram na orla de Copacabana, com participação de artistas e lideranças políticas; o ato contou com discursos, performances e, no período da tarde, apresentações musicais anunciadas por nomes como Gilberto Gil e outros artistas[2][4].

Organizadores afirmaram que os protestos foram convocados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e tiveram como estopim a aprovação do PL na madrugada da última semana; para os participantes, a proposta representa uma anistia disfarçada que poderia incentivar novas tentativas de ataque à democracia[4]. Segundo Juliana Donato, da Frente Povo Sem Medo, a pressão popular nas ruas pode influenciar a votação do projeto no Senado e expressa também reação a outras pautas aprovadas pelo Congresso consideradas prejudiciais aos trabalhadores e às populações indígenas e tradicionais[3].

Além do núcleo contra o PL da Dosimetria, os atos incorporaram pautas variadas: críticas ao marco temporal que limita demarcação de terras indígenas, pedidos de políticas efetivas contra o feminicídio, repúdio a regimes de trabalho extenuantes e pedidos de transparência sobre investigações como as envolvendo o Banco Master[2][3]. Em diversas cidades houve performances simbólicas — como a distribuição de brinquedos que representavam baratas e ratos com fotos de parlamentares contrários à manifestação — e discursos de parlamentares, sindicalistas e lideranças estudantis em cima de carros de som[2].

O PL da Dosimetria, já aprovado na Câmara e em análise no Senado, modifica a dosimetria ao prever que, quando os crimes de tentativa de acabar com o Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado ocorrerem no mesmo contexto, prevalecerá a pena mais grave em vez da soma, além de reduzir requisitos de tempo para progressão de regime[5][3]. Especialistas em direito consultados por veículos de imprensa afirmaram que a mudança reduz sensivelmente os percentuais de cumprimento de pena exigidos para progressão, em particular para crimes comuns não violentos, o que motivou alertas de que a proposta pode beneficiar réus envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023[3].

Parlamentares oposicionistas estimaram que o novo cálculo poderia diminuir, de forma significativa, o tempo de cumprimento de pena de condenados — hipótese citada pelos manifestantes como prova de que o projeto funcionaria como forma de anistia a golpistas[3]. O texto, segundo reportagens, listaria entre os potencialmente beneficiados nomes ligados ao comando militar e a ex‑governo, além de Bolsonaro[3].

As mobilizações deste domingo tiveram amplitudes e adesões distintas por cidade: enquanto em algumas capitais as manifestações reuniram milhares de pessoas e atraíram artistas e cobertura ampla da imprensa, em outras a presença foi mais modesta, com reportagens locais observando atos menos numerosos[3][6]. Organizações dos atos prometeram continuidade da mobilização nas ruas e afirmaram que a pressão popular será levada às instâncias de decisão no Senado e às urnas em 2026, com a intenção de derrotar iniciativas consideradas retrocessos democráticos[3].

Fontes de imprensa acompanharam a cobertura em tempo real e registraram cenas de confrontos verbais entre manifestantes e apoiadores do governo em pontos isolados, além de críticas ao modo como a votação do PL foi conduzida na Câmara — que incluiu, segundo relatos, retirada à força de um deputado da Mesa Diretora e impedimento de parte da imprensa de registrar a ação[3][1]. As manifestações seguem sendo acompanhadas por veículos locais e nacionais enquanto o PL segue em tramitação no Senado[1][5][4].

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)

Deixe um Comentário