Por Fobes Brasil – Juliana Andrade
Empreendimentos que surgem durante a pandemia precisam estabelecer uma relação de confiança e fidelidade para manter o negócio consistente em condições adversas
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que cerca de 700 mil pessoas passaram a fazer parte da estatística do desemprego nas duas primeiras semanas de junho no Brasil, o que elevou o índice de desocupação de 11,8% para 12,4%. Apesar das tendências negativas e impactantes, o brasileiro tem levado ao pé da letra a ideia de que crise gera oportunidade. Entre 7 de março e 4 de julho deste ano, o Portal do Empreendedor registrou 551.153 novos microempreendedores no país, 16.788 a mais do que no mesmo período de 2019.
Enquanto empresas de todos os segmentos e portes fecham as portas em decorrências das complicações financeiras geradas pela pandemia, outras nascem da necessidade de ter uma nova fonte de renda ou simplesmente da vontade de tirar uma velha ideia do papel. Para a produtora Rachel Leão, fundadora da Miscelânia, sua marca é uma união destes dois fatores. “Minha profissão deixou de existir da noite para o dia. Perdi contratos de trabalho previstos para o ano. Decidi, então, resgatar um projeto engavetado por dois anos que junta minha vontade de trabalhar com plantas e a possibilidade de me reconectar com a natureza.” Em funcionamento desde maio, o negócio de Rachel funciona como consultoria e delivery de plantas de pequeno porte.
Há também as iniciativas que apostam alto, que colocam todas as fichas em uma única jogada certeira. É o caso de Helder Montenegro, empresário que enfrentou o fechamento de um negócio de 20 anos, a Academia Personal, com R$ 500 mil em dívidas, e decidiu investir R$ 2,3 milhões no desenvolvimento da plataforma de teleatendimento fisioterapêutico SCAL e R$ 120 mil na microfranquia para profissionais de educação física Person@all. “Eu sempre acreditei que a tecnologia seria uma aliada no setor de saúde e bem-estar, mas não esperava resultados tão promissores. Nosso planejamento era lançar a SCAL até o final do ano, mas o coronavírus acelerou não só o mercado, como o negócio”, diz o empresário. Com o sistema no ar desde meados de março, a SCAL já atendeu mais de 88 mil pacientes de fisioterapia e a Person@al se tornou recordista no setor de franquias no Brasil com o cadastro de 252 franqueados no primeiro dia de operação.
Em tempos de Covid-19 e isolamento social, quem deseja empreender precisa estar atento à comunicação e relacionamento com o cliente. Diante de um negócio e público desconhecidos é preciso estabelecer uma relação de confiança e fidelidade para manter um empreendimento consistente em condições adversas e saudável o bastante para continuar no longo prazo. Gabriel Magalhães, fundador da cafeteria Crio, acredita que “construir uma comunidade é importante, mas é preciso ter em mente que você não cria uma comunidade, mas estimula que ela aconteça”. “E isso é importante porque é ela que vai sustentar e salvar sua iniciativa”, diz.