### Mais de 417 Mil Sem Energia na Grande São Paulo Após Ciclone Extratropical
Desde a passagem de um ciclone extratropical que trouxe ventos fortes e destruição pelo estado de São Paulo, mais de 417 mil moradores da Grande São Paulo seguem sem energia elétrica. O vendaval histórico, com rajadas que chegaram a 98,1 km/h na Lapa, zona oeste da capital, deixou um rastro de prejuízos, incluindo a queda de 151 árvores, cancelamento de centenas de voos em aeroportos como Congonhas e Guarulhos, e perdas bilionárias no comércio, estimadas em R$ 1,54 bilhão só na capital entre quarta (10) e quinta-feira (11).
Na zona oeste, no Butantã, a roteirista Erica Chaves está sem luz desde as 12h de quarta-feira. Na quinta, ao voltar do mercado, ela encontrou a casa às escuras e precisou levar alimentos afetivos, trazidos de uma viagem, para o congelador de uma vizinha. “Algumas coisas a gente conseguiu levar para a casa de uma vizinha para botar no congelador, que eram comidas que tem uma representatividade afetiva para a gente. O resto a gente está administrando aqui, algumas coisas já joguei fora porque não dava mais”, relatou à Agência Brasil. Neste sábado (13), a situação não mudou: Erica economiza a bateria e a internet do celular para acompanhar o pai internado em hospital com energia. “O meu pai está internado no hospital e graças a Deus tem energia no hospital onde ele está. Mas assim, eu estou economizando a internet e entrando de hora em hora na internet para economizar bateria e poder ter notícias dele. Avisei a família e falei: ‘Olha, eu estou sem internet para economizar para ter mais tempo, mas o telefone está normal e funcionando. Então me ligue para um telefone normal para qualquer emergência’.”
No Bixiga, centro da capital, moradores protestaram na noite de sexta (12) gritando “Queremos luz”. Neste sábado, o bairro ainda enfrenta o problema. “Ainda estou sem energia e sem luz”, disse uma moradora. Seu condomínio inteiro permanece no escuro, e idosos sofrem para subir escadas, tomar banho, se alimentar e medicar-se. Na Pompeia, também na zona oeste, um protesto estava marcado para a tarde deste sábado, mas a energia voltou há pouco mais de uma hora, segundo relatos locais.
A Enel, responsável pelo abastecimento na região, mobilizou um número recorde de equipes desde quarta. Nesta manhã de sábado, a companhia informou que trabalha para normalizar o serviço até o fim de domingo (14). “A distribuidora está trabalhando para restabelecer o serviço e normalizar o fornecimento aos consumidores atingidos pelo evento meteorológico dos dias 10 e 11 de dezembro até o fim do dia de amanhã”, diz nota oficial. A empresa atribui as interrupções a “condições meteorológicas adversas”, com rajadas contínuas que causaram novas falhas durante os reparos.
Na noite de sexta, a Justiça de São Paulo acatou pedido do Ministério Público e da Defensoria Pública, determinando que a Enel restabeleça a energia em 12 horas, sob pena de multa de R$ 200 mil por hora de atraso. A concessionária rebateu que “não foi intimada da decisão e segue trabalhando de maneira ininterrupta para restabelecer o fornecimento de energia ao restante da população que foi afetada pelo evento climático”.
O ciclone extratropical, formado no litoral do Rio Grande do Sul, surpreendeu pela duração e intensidade sem chuva, algo inédito desde 1963 segundo o Inmet. Meteorologistas alertam para mudança climática, com vendavais mais frequentes e intensos na região. A Defesa Civil prevê tempo instável no estado até terça (16), com chuvas, ventos de até 100 km/h e risco de granizo, especialmente no sul, centro e leste paulista.

