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Entidades condenam retirada da imprensa na Câmara

Na tarde desta terça-feira (9), um episódio de confrontação e censura marcou os trabalhos na Câmara dos Deputados em Brasília. O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupou a cadeira da presidência da Casa em protesto contra a decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautar o pedido de cassação de seu mandato. Após duas horas de ocupação, Braga foi retirado à força por agentes da Polícia Legislativa, em uma ação que gerou tumulto e agressões contra profissionais da imprensa que acompanhavam a sessão.

A retirada do deputado foi marcada por atos truculentos da Polícia Legislativa, que também impediu o trabalho de jornalistas, cinegrafistas, fotógrafos e assessores de imprensa presentes no plenário e galerias. O sinal da TV Câmara, que transmitia ao vivo a sessão, foi abruptamente cortado no momento do confronto, limitando a cobertura jornalística do evento. Vários profissionais sofreram agressões físicas, como puxões, cotoveladas e empurrões, e alguns precisaram de atendimento médico devido à violência. Entre os agredidos estão repórteres conhecidos, como Ana Flor e Guilherme Balza (GloboNews), Carol Nogueira (UOL) e Débora Cardoso (Record TV).

As entidades representativas da imprensa como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF), a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Jornais (ANJ), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) emitiram notas públicas condenando o cerceamento e a violência contra os profissionais da imprensa, classificando os fatos como um grave atentado à liberdade de imprensa, ao direito à informação da população brasileira e aos princípios democráticos. Essas entidades exigem explicações e responsabilização do presidente da Casa e dos responsáveis pelas agressões.

O protesto de Glauber Braga ocorreu em resposta à iniciativa de Hugo Motta de levar ao plenário, no dia seguinte, o pedido de cassação de Braga — motivado por um episódio no qual o deputado teria agredido um militante do Movimento Brasil Livre no ano anterior — além de pautar processos semelhantes contra outros parlamentares. Braga denunciou perseguição e afirmou que seu mandato está sendo alvo de uma “campanha” relacionada a outras pautas controversas, como a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

Em nota nas redes sociais, Hugo Motta afirmou ter determinado a apuração de possíveis excessos cometidos pela Polícia Legislativa durante a remoção de Braga e a cobertura da imprensa, ressaltando a necessidade de defender a democracia contra atos autoritários. Apesar disso, Motta qualificou a ocupação da presidência da Câmara como “um desrespeito à Casa e ao Legislativo”, reafirmando sua posição diante dos fatos.

O episódio repercute intensamente no cenário político e midiático brasileiro, gerando debates sobre a liberdade de imprensa, o direito de cobertura jornalística em instituição pública e o clima de tensão no Congresso Nacional. As imagens da agressão e dos momentos de censura circularam nas redes e foram amplamente divulgadas, reforçando a denúncia das entidades em defesa da democracia e da imprensa.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)