A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de revogar as tarifas adicionais de 40% sobre uma série de produtos brasileiros foi amplamente comemorada por entidades ligadas à indústria e à agricultura no Brasil. A medida, anunciada oficialmente em 20 de novembro de 2025, abrange diversos produtos agrícolas como café, carne bovina, bananas, tomates, açaí, castanha de caju e chá, entre outros, com efeito retroativo a 13 de novembro, possibilitando inclusive o reembolso dos valores já pagos pelas exportações afetadas.
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) qualificou a revogação como “muito positiva”, destacando que a medida representa um avanço importante rumo à normalização do comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos, com impactos imediatos na competitividade das empresas brasileiras exportadoras. Para a Amcham, a retirada dessas sobretaxas sinaliza um resultado concreto do diálogo em alto nível entre os dois países, mas ressalta a necessidade de intensificar as negociações para eliminar as tarifas que ainda impactam outros segmentos, especialmente os bens industriais.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também manifestou otimismo, afirmando que a decisão americana é um avanço concreto para a renovação da agenda bilateral, reconhecendo o Brasil como grande parceiro comercial dos Estados Unidos. Ricardo Alban, presidente da CNI, destacou que a ampliação das exceções às tarifas restabelece parte da importância do Brasil como um dos principais fornecedores do mercado norte-americano.
Do mesmo modo, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) avaliou positivamente a medida, apontando que ela alivia setores brasileiros que enfrentavam perda de competitividade no mercado dos EUA. A federação ressaltou a importância de negociações constantes e técnicas para recuperar as condições adequadas de comércio entre os países.
Apesar do avanço, o presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ressaltou que 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos ainda permanecem sujeitas às sobretaxas impostas pelo governo americano, indicando que o chamado “tarifaço” ainda traz impactos importantes e que a retira recente das taxas é o maior progresso registrado até o momento nas negociações bilaterais.
Essa mudança encerra o decreto de 30 de julho passado, que classificava “emergência nacional” as medidas tarifárias americanas baseadas em alegações de prejuízos ao empresariado e à economia dos EUA, justificando reservas sob argumentos políticos e econômicos. Segundo relatórios oficiais, a decisão de remover as tarifas foi influenciada por recomendações da equipe econômica americana, pelo avanço nas negociações bilaterais e pela pressão da demanda interna nos EUA.
Embora o fim dessas tarifas extras beneficie diretamente exportações importantes do Brasil e abra espaço para maior competitividade e previsibilidade no comércio internacional, especialistas e entidades ressaltam que a manutenção de tarifas sobre outros produtos brasileiros continua a ser uma barreira e que a continuidade das negociações será fundamental para ampliar os benefícios a outros setores econômicos do país.

