A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, reúne representantes de 194 países que intensificam esforços para avançar em negociações cruciais sobre financiamento climático, adaptação às mudanças e compromissos para reduzir emissões de gases causadores do efeito estufa. Na reta final da primeira semana, cresce a expectativa para que os grupos negociadores concluam os textos que serão levados na próxima fase aos ministros de primeira linha dos governos, visando o fechamento de acordos definitivos.
Um dos temas mais sensíveis em debate é o artigo 9.1 do Acordo de Paris, que estabelece a responsabilidade dos países desenvolvidos em garantir financiamento para as nações em desenvolvimento enfrentarem os impactos do aquecimento global. Na COP29, foi fixado um aporte de 300 bilhões de dólares anuais, valor ainda tido como insuficiente para atender a todas as necessidades. Tanto as presidências da COP29 quanto da COP30 propuseram a mobilização de até 1,3 trilhão de dólares por ano para financiamento climático, mas permanece incerta a possibilidade de compromissos nesta magnitude serem confirmados em Belém.
Além da busca por consenso financeiro, a conferência destaca o papel estratégico da transição para uma economia de baixo carbono, com ênfase na ampliação das fontes renováveis e na eficiência energética. O Brasil, por exemplo, figura entre os países que mais aumentaram sua capacidade de geração solar e eólica no último ano, e a presidência local defende a meta de triplicar as energias renováveis até 2030, assim como dobrar a eficiência no uso de energia.
Também ganham atenção as demandas para que uma parcela significativa dos recursos seja destinada à adaptação, perdas e danos, áreas que atualmente recebem menos de 10% do total disponível. Parte dos recursos é reivindicada para povos indígenas, comunidades tradicionais e iniciativas que promovam o uso sustentável da biodiversidade, reflorestamento e práticas agrícolas de baixo carbono.
O ambiente da COP30 ressalta ainda o potencial da ação climática para gerar empregos e prosperidade, com relatórios apontando para a criação de centenas de milhões de empregos na próxima década em setores ligados à economia verde e adaptação climática.
Por fim, iniciativas para fortalecer fundos climáticos multilaterais, ampliar a cooperação internacional em regulação ambiental e explorar mecanismos financeiros inovadores, como a conversão de dívidas externas em investimentos para o clima, reforçam o esforço global para superar barreiras e garantir recursos suficientes para a resposta à crise climática. A conclusão dos textos negociados até sábado é um passo determinante para que a semana seguinte, com a participação ministerial, possa consolidar avanços significativos para o futuro da governança climática internacional.

