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Estimativas do mercado para inflação e PIB permanecem estáveis

O cenário econômico brasileiro para 2025, segundo as projeções mais recentes do Boletim Focus do Banco Central, aponta para estabilidade, mas, ao mesmo tempo, sinaliza desafios persistentes para o controle da inflação e a retomada mais vigorosa do crescimento. Os analistas do mercado financeiro mantiveram praticamente inalteradas suas expectativas para os principais indicadores – crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), inflação, câmbio e juros –, reforçando uma trajetória de moderação na atividade econômica e de lentidão na convergência dos preços para o centro da meta.

O PIB brasileiro deve avançar 2,16% em 2025. Para 2026, a projeção é de expansão ainda mais modesta, de 1,78%. Nos anos seguintes, as expectativas de crescimento são de 1,88% em 2027 e de 2% em 2028. Ou seja, a despeito da retomada após as turbulências dos últimos anos, o ritmo previsto para a economia brasileira é lento, ainda que positivo. No segundo trimestre de 2025, o PIB registrou crescimento de 0,4%, impulsionado principalmente por serviços e indústria, mas a desaceleração parece consolidada em relação ao resultado de 2024, quando o país fechou com crescimento de 3,4%. O desempenho de longo prazo, portanto, continua longe dos patamares vistos em alguns momentos de maior dinamismo recente.

O mercado também manteve firme sua perspectiva para o dólar: R$ 5,41 ao fechar 2025 e R$ 5,50 em 2026. O câmbio, dessa forma, segue com leve tendência de desvalorização, mas sem grandes sobressaltos nas projeções, refletindo, de certa forma, estratégias de política econômica e o cenário global.

A inflação deve ficar em 4,55% em 2025, acima do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. Para 2026, a expectativa é de IPCA em 4,2% e, em 2027 e 2028, as projeções recuam para 3,8% e 3,5%, respectivamente. Apesar do gradual recuo, os preços continuam teimosamente elevados, afetando o bolso do consumidor e reduzindo o poder de compra, especialmente para os mais pobres. Em setembro, o IPCA registrou alta de 0,48%, influenciado especialmente pela conta de luz, deixando o índice acumulado em 12 meses em 5,17%. O Banco Central busca fazer a inflação convergir para o centro da meta de 3%, mas, no curto prazo, o controle dos preços ainda será um desafio.

O principal instrumento na luta contra a inflação segue sendo a taxa básica de juros, a Selic, mantida em 15% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, na última reunião, manter os juros nesse patamar, pela terceira vez seguida. O próprio BC sinalizou que a taxa deve permanecer elevada “por bastante tempo”, diante de inflação acima da meta e de um cenário externo incerto, marcado sobretudo pela política econômica dos Estados Unidos. O mercado projeta redução da Selic para 12,25% em 2026, 10,5% em 2027 e 10% em 2028, mas o ajuste deve ser gradual e cauteloso, conforme o comportamento dos preços.

Juros elevados funcionam como freio à inflação, mas também à atividade econômica, ao dificultar o acesso ao crédito e desestimular o consumo. Por outro lado, quando há queda da Selic, o crédito barateia, estimulando produção e consumo, mas reduzindo o controle sobre os preços. Nesse cenário, o equilíbrio entre frear a inflação e não estrangular o crescimento é complexo, especialmente em um ambiente de expectativas ainda elevadas para os preços e de crescimento modesto do PIB.

O Banco Central alerta para a persistência de incertezas externas, com reflexos nas condições financeiras globais, e destaca que, apesar da desaceleração da atividade, a pressão sobre os preços no Brasil segue relevante. Por isso, a política monetária deve continuar restritiva, mesmo diante de uma economia mais fraca.

Em resumo, o Brasil caminha para 2025 com expectativas estáveis, mas pouco animadoras: crescimento do PIB modesto, inflação ainda elevada, moeda sob pressão moderada e juros altos. A convergência dos preços para o centro da meta e a retomada vigorosa do crescimento dependem, assim, não apenas de decisões do Banco Central, mas também de melhorias no ambiente de investimentos, de reforço à confiança dos agentes econômicos e do desempenho da economia global. Fatores esses que ainda dependem de respostas mais estruturais do país.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)