Em um depoimento dado à Polícia Federal, o ex-chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes, disse ter tratado diretamente com Jair Bolsonaro, à época ainda presidente da República, acerca da liberação das joias dadas pela Arábia Saudita. As joias estavam apreendidas na alfândega do aeroporto de Guarulhos.
Gomes disse ter conversado com Bolsonaro sobre o assunto duas vezes. A primeira teria sido uma visita pessoal, ocorrida na primeira quinzena de dezembro de 2022, enquanto que a segunda se deu por telefone, no dia 27 de dezembro do mesmo ano. Tais joias possuem um valor de mercado de, aproximadamente, R$ 6,8 milhões de reais.
Após tais conversas, Gomes teria passado informações acerca da situação das joias ao tenente-coronel Mauro Cid, chefe da Ajudância de Ordens do ex-presidente. Depois, já próximo ao final do mandato de Bolsonaro, Mauro Cid teria voltado a questionar Gomes sobre como integrar as joias ao acervo público da Presidência.
Bolsonaro, por sua vez, disse, em depoimento à PF, que sua tentativa de retirar as joias da alfândega se deu para “não deixar qualquer pendência para o próximo governo e evitar um vexame diplomático”. Para ele, seria um constrangimento deixar que o presente de uma nação amiga terminasse sendo lieloado como um bem qualquer.
Em seu relatório final, a PF declarou ter existido “uma associação criminosa voltada para a prática de desvio de presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais”.