A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) decidiu romper o convênio com a Universidade de Haifa, em Israel, em uma votação que contou com 46 votos favoráveis entre os 54 possíveis. A decisão foi motivada por protestos estudantis e pela posição crítica de parte do corpo docente, que se opõem às ações militares de Israel em Gaza e na Cisjordânia.
As tensões começaram após um ataque do grupo Hamas a civis israelenses, seguido por uma ofensiva militar das Forças de Segurança de Israel. Essas ações foram amplamente criticadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por muitos países, incluindo o Brasil, devido à desproporção das forças e ao alto número de civis mortos, além da destruição de infraestruturas básicas nos territórios palestinos.
Os estudantes, que têm promovido ocupações e protestos desde o início dos bombardeios israelenses, atribuem a decisão à denúncia de graves violações de direitos humanos cometidas pelo Estado de Israel contra os palestinos. Segundo o estudante João Conceição, representante dos estudantes na Comissão de Cooperação Internacional da FFLCH, essa medida é uma vitória da ética sobre a omissão, e destaca que “a universidade pública brasileira não pode ser cúmplice de quem transforma o conhecimento em instrumento de guerra”.
A USP mantém o convênio com a Universidade de Haifa desde 2018, e a Congregação da FFLCH agora recomendará ao Conselho Universitário que estenda o rompimento a todos os convênios com instituições israelenses envolvidas em políticas consideradas de apartheid e ocupação. Além disso, outras universidades brasileiras, como a Unicamp, a UFF e a UFC, já romperam acordos com instituições israelenses em protesto contra as ações de Israel.

