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Feminicídio: Ministras lamentam morte de servidoras do Cefet-RJ

A morte das servidoras do Cefet-RJ, Allane de Souza Pedrotti Matos e Layse Costa Pinheiro, em um ataque fatal por um colega de trabalho, chocou a comunidade acadêmica e evidenciou a persistência da violência de gênero no ambiente profissional. As vítimas foram assassinadas por tiros disparados pelo funcionário João Antônio Miranda Tello Ramos, que após o crime cometeu suicídio. O caso aconteceu na unidade Maracanã do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, no Rio de Janeiro, onde Allane, que era diretora da equipe pedagógica, e Layse, psicóloga, foram atingidas fatalmente. Elas chegaram a ser socorridas, mas não resistiram aos ferimentos. O crime está sob investigação da Delegacia de Homicídios da Capital.

O episódio foi condenado veementemente pela ministra das Mulheres, Márcia Lopes, que ressaltou a necessidade urgente de enfrentar a violência e alertou que essa não pode ser naturalizada ou banalizada. A ministra lembrou que o Ministério das Mulheres está em campanha de ativismo contra a violência e o racismo, reforçando a luta pelos direitos e pela proteção das mulheres. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também manifestou sua indignação, classificando o acontecimento como extremamente grave e inaceitável que servidores sejam assassinados enquanto desempenham suas funções.

Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, destacou que o caso revela um padrão estrutural de misoginia no ambiente de trabalho, evidenciando a resistência que muitas mulheres enfrentam ao ocupar posições de liderança. Ela afirmou que o atentado foi um típico caso de violência de gênero, motivado pela recusa de um homem em aceitar a chefia feminina.

Em resposta à tragédia e para promover a prevenção, as ministras defendem a implementação de políticas de letramento antimachista nos espaços institucionais e no serviço público, como forma de combate à cultura de violência contra as mulheres.

Esse debate foi central durante o evento que comemorou os 20 anos do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, coordenado pelo Ministério das Mulheres, em Brasília. O programa, que tem como objetivo promover a igualdade de gênero e raça no ambiente de trabalho, especialmente em médias e grandes empresas, públicas ou privadas, busca reduzir desigualdades salariais e ampliar a presença de mulheres, principalmente negras, em cargos de liderança. Além disso, combate o racismo e o machismo institucionais, fortalecendo políticas de diversidade, equidade e inclusão para a construção de ambientes de trabalho mais justos e seguros.

Desde sua criação em 2005, o Pró-Equidade tem sido uma importante ferramenta para a promoção dos direitos das mulheres no mercado de trabalho brasileiro, envolvendo parcerias com organizações internacionais como a ONU Mulheres e a Organização Internacional do Trabalho. A tragédia no Cefet-RJ destaca, porém, a urgência de ampliar ações de combate à violência de gênero e proteger as mulheres, sobretudo aquelas que ocupam posições de liderança.

Diversas instituições educacionais e entidades ligadas à educação manifestaram pesar e solidariedade às famílias e à comunidade do Cefet-RJ, reforçando a importância de um debate profundo e responsável sobre a violência no país e o combate à misoginia. Com a ampliação do entendimento sobre a gravidade da violência contra as mulheres e a implementação de políticas estruturantes, espera-se reduzir episódios tão trágicos quanto este e construir ambientes de trabalho que respeitem e valorizem todas as pessoas.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)