Começou no Rio de Janeiro a 15ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup), que acontece entre os dias 19 e 23 e de 27 a 30 de novembro, no Viaduto de Madureira, na zona norte da cidade. Com o tema “Ideias para Reencantar o Mundo: Escrevivências, Sonhos e Batidões”, o evento celebra o legado político e cultural do Caribe e as influências da diáspora africana, principalmente no Brasil. A Flup tem como objetivo promover encontros entre personalidades da literatura e a sociedade em áreas periféricas da capital carioca.
Nesta edição, a escritora Conceição Evaristo será homenageada, sendo esta a primeira vez que a Flup presta homenagem a um autor vivo. Conceição é idealizadora do conceito de “Escrevivência”, que transforma experiências individuais em narrativas coletivas da comunidade afro-brasileira, apresentando uma voz política e poética que visa reencantar o mundo a partir das perspectivas negras e periféricas. Ela participará da abertura e do fechamento da programação, dialogando sobre temas como epistemologias negras, memória, redes de cuidado e o futuro.
Além da homenagem, a Flup apresenta uma exposição dedicada a Frantz Fanon, psiquiatra e filósofo afro-caribenho, militante anticolonial e antirracista, conhecido por suas críticas aos sistemas racistas e à dominação colonial. No evento, haverá uma mesa intitulada “O Sonho de Nossos Heróis, que Precisamos Manter Vivo”, em que Conceição Evaristo dividirá espaço com Mireille Fanon, filha do intelectual, para debater a trajetória das lutas sociais no Brasil e no Caribe, além dos líderes desses movimentos.
A programação conta também com diversas atividades culturais, incluindo apresentações musicais de artistas como Jonathan Ferr, Mano Brown, Majur, Luedji Luna e Mart’nália, assim como rodas de samba, jongo e blocos afro. Temas como justiça ambiental, epistemologias indígenas, tecnologias, diáspora e oralidade permeiam as mesas, performances e oficinas do evento.
A Flup é promovida pelo Ministério da Cultura, Prefeitura do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura, com patrocínio de empresas e apoio de instituições como Fundação Ford e BNDES. Desde sua origem em 2012, a Flup tem se consolidado como um importante espaço de valorização da literatura periférica e da cultura negra, divulgando vozes plurais e trazendo para o centro do debate a experiência das periferias.
