Chega ao público nesta quinta-feira o documentário *Herzog – O Crime que Abalou a Ditadura*, que revive o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, ocorrido há 50 anos, no dia 25 de outubro de 1975. Produzido pelo Instituto Conhecimento Liberta (ICL), o filme reconstrói os acontecimentos em torno da prisão, tortura e morte de Herzog, que se tornou um símbolo da resistência contra a ditadura militar brasileira. O documentário reúne depoimentos exclusivos de amigos, familiares e colegas de trabalho, trazendo uma nova perspectiva sobre o crime que chocou o país e marcou a luta pela democracia. A produção estará disponível gratuitamente no YouTube, no canal do ICL, às 19h.
Herzog, jornalista, professor e cineasta de origem iugoslava, foi preso após ser convocado para prestar depoimento sob suspeita de ligação com o Partido Comunista Brasileiro. Internado no DOI-Codi em São Paulo, foi brutalmente torturado e morto por agentes da repressão. A versão oficial inicialmente divulgada pelos militares alegava suicídio, mostrando uma foto manipulada em que Herzog aparecia enforcado de maneira irrealista — sua morte, porém, foi provada como assassinato pelas circunstâncias do caso, testemunhos de colegas e investigações posteriores que identificaram a farsa[1][2][3].
O documentário foca especificamente na semana que antecedeu e na semana que sucedeu o assassinato, detalhando não apenas a violência sofrida por Herzog, mas também as consequências políticas e sociais que transformaram sua morte em um marco contra o autoritarismo no Brasil. Segundo a diretora executiva do ICL, Márcia Cunha, a obra visa mostrar como a ditadura atuava, destacando métodos de repressão que se assemelham a estratégias contemporâneas de ataque à imprensa e dissidentes políticos.
Além dos relatos de jornalistas como Dilea Frate e Paulo Markun, o filme traz depoimentos do filho de Herzog, Ivo, e de profissionais do cinema como João Batista de Andrade, ampliando a compreensão sobre a relevância histórica do episódio.
O caso de Vladimir Herzog foi oficialmente reconhecido como homicídio pelo Estado brasileiro e, mais recentemente, pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, que qualificou o crime como de lesa-humanidade, impondo ao Brasil o dever de investigar e punir os responsáveis sem prescrição. Em 2023, uma sentença da Corte reafirmou a necessidade de buscar justiça plena e reparação para a família de Herzog, reforçando seu legado como símbolo da luta pela verdade e pela democracia no país.
O documentário *Herzog – O Crime que Abalou a Ditadura* resgata essa memória fundamental, confrontando o público contemporâneo com esta página dolorosa da história brasileira, promovendo reflexão sobre os danos do autoritarismo e a importância da liberdade de imprensa e dos direitos humanos.

