O Banco Central oficializou na terça-feira (18) a liquidação extrajudicial do Banco Master, encerrando as atividades de uma das instituições financeiras mais tradicionais do país, com mais de 40 anos de atuação. A decisão ocorreu após investigações da Operação Compliance Zero, que apura a emissão de títulos de crédito falsos e práticas de gestão fraudulenta no Sistema Financeiro Nacional. Na véspera, o dono do banco, Daniel Vorcaro, foi preso no Aeroporto de Guarulhos, em meio à apuração dos crimes de gestão temerária, organização criminosa e emissão de títulos falsos.
A liquidação atinge diretamente cerca de 515 trabalhadores e 12 milhões de clientes, segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, que afirmou estar acompanhando de perto o processo para garantir os direitos dos funcionários e a transparência das ações. O sindicato ressaltou que as soluções devem proteger os empregos, já que os trabalhadores não podem ser penalizados pelos atos dos gestores da instituição.
O Banco Master possuía, segundo dados atualizados pelo Banco Central em março de 2025, patrimônio líquido de R$ 3,214 bilhões, ativos de R$ 86,4 bilhões e passivos de R$ 83,2 bilhões. Em 2024, o banco registrou patrimônio líquido de R$ 4,7 bilhões, com lucro líquido de R$ 1 bilhão, o dobro do valor de 2023. O banco também havia concluído a compra de outras instituições, como o Banco Voiter e o Will Bank, e estava em negociação para ser adquirido por um consórcio formado pela Fictor Holding Financeira e investidores dos Emirados Árabes Unidos, mas a operação foi interrompida com a decisão do BC.
Com a liquidação, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) assumirá o ressarcimento dos valores depositados até o limite de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por instituição financeira. O processo não é automático: os correntistas e investidores precisam se cadastrar no aplicativo do FGC e aguardar a validação da base de credores pelo liquidante nomeado pelo Banco Central, o que pode levar cerca de 30 dias. O FGC estima que cerca de R$ 41 bilhões em garantias serão pagos a aproximadamente 1,6 milhão de credores elegíveis, e há patrimônio suficiente para honrar integralmente os pagamentos dentro das regras vigentes.
Valores acima do limite estabelecido entram na liquidação extrajudicial, que pode durar anos e não oferece garantia de retorno. Nesses casos, os investidores só poderão buscar a recuperação dos recursos por meio de ação judicial. A decisão também afeta indiretamente o Will Bank, que faz parte do conglomerado Master, e pode gerar impactos adicionais no setor financeiro.
A liquidação do Banco Master é considerada a maior operação já realizada pelo FGC, refletindo a gravidade das irregularidades apuradas e o impacto sobre clientes, trabalhadores e o sistema financeiro como um todo.

